Quando se trata de investimentos, não existem verdades absolutas ou aplicações perfeitas para qualquer pessoa. É preciso conhecer seu próprio perfil de investidor e saber priorizar aquilo que faz mais sentido para os seus objetivos.
Dentro desse contexto, entra a gestão do lucro e a decisão entre liquidez e rentabilidade. Entender esses dois conceitos é muito importante para a saúde financeira de qualquer pessoa disposta a investir, não importa qual seja o perfil.
Dificilmente um investimento preenche todas as qualidades que o investidor gostaria, por isso a importância de obter conhecimento a fim de definir qual ponto deve ser priorizado.
Ficou interessado em saber mais? Então, continue lendo!
Liquidez é a facilidade com que um ativo (bem ou investimento) pode ser convertido em dinheiro. Simples assim. Esse conceito tem a ver com contabilidade. Quer um exemplo?
Existem inúmeros tipos de modalidades. Uma duplicata a receber de 90 dias é de curto prazo, porém não é líquida. Afinal, só será convertida em dinheiro após esse período.
Um imóvel também costuma ser considerado um ativo de baixa liquidez. Isso porque o tempo médio para vender uma casa, terreno ou apartamento é de 1 a 2 anos.
Nesse sentido, o ativo mais líquido é o próprio dinheiro.
Para esclarecer o conceito, vejamos alguns exemplos de liquidez em investimentos e sua explicação:
Poupança ou Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com liquidez diária: oferecem alta possibilidade de conversão em dinheiro, já que os valores podem ser resgatados quase de maneira instantânea. É só solicitar o saque e o recurso é encaminhado para a conta-corrente;
ações: varia de acordo com o ativo, mas o normal é que a liquidez seja alta. Quando o papel é bastante negociado (empresas como Vale e Petrobras, por exemplo), a venda é praticamente instantânea e o dinheiro é recebido em 3 dias após a confirmação da transação;
títulos públicos: possuem liquidez média-alta. Em geral é possível vendê-los diariamente. Ainda assim, o dinheiro pode levar um tempo para chegar à conta-corrente da corretora e, depois, ser transferido ao seu banco;
fundos de investimentos: apresentam liquidez média-alta, já que em alguns casos é preciso esperar até 90 dias para ter o retorno na conta;
obras de arte: é o mesmo caso dos imóveis. Têm liquidez baixa, porque normalmente as peças levam meses ou até anos para serem vendidas.
Esse conceito nada mais é do que o retorno que um ativo pode oferecer.
Muitos investidores erram ao simplesmente procurar as aplicações que têm um potencial de rendimento alto. No entanto, para avaliar a rentabilidade de um investimento, sempre é necessário olhar para o risco, e vice-versa.
O grau de ameaça não é alto ou médio por si só. O que existe é um retorno proporcional ao risco do investimento. Em outras palavras, o investidor precisa procurar alternativas que paguem uma rentabilidade ajustada ao perigo que a aplicação apresenta.
Um parâmetro de comparação entre risco e rentabilidade é a taxa básica de juros, a Selic. Existem aplicações no Tesouro Direto, por exemplo, que pagam o equivalente a ela e contam com garantia do Tesouro Nacional.
Esse investimento só não daria retorno se o Brasil desse moratória. Ou seja, a relação entre risco e retorno é interessante, já que o primeiro é baixo e o segundo acompanha a taxa básica de juros.
Já no caso de um investimento em uma empresa privada, existe mais risco, pois ela pode se desvalorizar, passar por situações financeiramente desfavoráveis ou até mesmo ir à falência.
Por isso, é preciso avaliar se a possível rentabilidade também é alta. Caso contrário, ela não será proporcional ao risco.
Compreender ambos os conceitos é imprescindível para ter sucesso. Não só isso: também é fundamental a fim de evitar imprevistos e perdas financeiras.
No entanto, mais do que entender cada um deles, é importante ficar por dentro da relação estabelecida.
Ao buscar uma alternativa para aplicar seus recursos, é preciso avaliar o chamado tripé dos investimentos: liquidez, rentabilidade e risco (segurança). Como nenhuma aplicação oferece esses três pilares ao mesmo tempo, é necessário estabelecer prioridades.
Muitos investidores iniciantes olham apenas para a rentabilidade de um investimento e esquecem dos outros fatores. Ao desconsiderar a liquidez, você fica vulnerável caso precise resgatar em um prazo mais curto ou em situações de emergência.
Não adianta ter um produto de alta rentabilidade se, na hora de transformá-lo em dinheiro, você não conseguir vendê-lo, ou precisar reduzir seu preço para realizar a venda.
Ou seja, se estiver investindo uma quantia que poderá ser usado em casos de emergência, complicações de saúde ou problemas financeiros, o ideal é priorizar a liquidez. Afinal, existe a possibilidade de ter que sacar o dinheiro em um prazo bastante curto.
Por outro lado, há situações em que você investe sabendo que não precisará desse recurso durante determinado período de tempo. É o caso de quem aplica pensando na aposentadoria, por exemplo, ou até mesmo de quem já possui um fundo de emergência sólido.
Nesses casos, a liquidez não precisa ser prioridade. Ela pode ser deixada em segundo plano, já que não existe a necessidade de transformar o ativo em dinheiro rapidamente. Assim, é recomendável preferir a rentabilidade.
Uma situação que costuma confundir os investidores é a relação entre a liquidez e a rentabilidade. A primeira pode ser diária ou no vencimento. Já a segunda tem a possibilidade de ser pré ou pós-fixada.
Vamos começar pela liquidez. Ela é diária quando é possível resgatar o dinheiro a qualquer momento. A vantagem é que a rentabilidade é proporcional ao tempo aplicado.
Por sua vez, a liquidez no vencimento é aquela em que se recomenda que o investidor respeite o prazo de fechamento da aplicação. Por exemplo: o investimento Tesouro Selic 2023 é um título cuja expiração ocorre no ano de 2023.
Mantendo o recurso investido até o final, você receberá toda o retorno. Caso opte por fazer o resgate antecipado, receberá o valor aplicado inicialmente, mas não terá rentabilidade.
Já no caso da rentabilidade prefixada, você sabe exatamente quanto terá de resultado no período de vencimento do título. É o caso, por exemplo, de um CDB com rendimento de 8% ao ano. Se alocar R$ 1.000 e o prazo de expiração for de um ano, o lucro será de R$ 80.
A rentabilidade pós-fixada, por outro lado, surge quando o título está atrelado a um indexador, geralmente o Certificado de Depósito Interbancário (CDI, que faz o lastro das operações entre os bancos), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que regula a inflação) ou a própria Selic.
Por exemplo: o rendimento pode ser de 85% do CDI. Isso significa que a taxa do CDI no vencimento do título será considerada e você receberá 85% dela.
Portanto, um ativo pode ter liquidez diária e rentabilidade pós-fixada, por exemplo. É importante mencionar ainda que a rentabilidade prefixada é indicada quando as taxas de juros reais tiverem a expectativa de cair ou se manter durante o período do investimento.
Já a pós-fixada é recomendada quando esse índice aumentar ou quando você acreditar que precisará sacar antes do prazo de vencimento.
No tripé dos investimentos (liquidez, rentabilidade e risco), muitas vezes o investidor não quer se arriscar, isto é, deseja investir com segurança. No entanto, como mencionamos, não é possível encontrar uma modalidade que atenda a esses três pontos simultaneamente.
Em geral, aplicações de alta liquidez terão baixo resultado ou risco elevado. Por exemplo: a Poupança oferece resgate imediato e segurança alta, mas retorno baixo. Já o mercado de ações possibilita fazer a venda do título a qualquer hora e apresenta grande potencial de retorno, mas a chance de perder dinheiro é significativa.
Assim, se você não quer correr muitos riscos, precisará escolher sua a prioridade: liquidez ou rentabilidade. Por isso, é imprescindível conhecer seus próprios objetivos ao investir.
Se pretende aplicar um dinheiro do qual poderá precisar no curto prazo, o único modo de garantir sua saúde financeira é procurar produtos que ofereçam uma liquidez maior.
Já se a sua prioridade é obter rentabilidade, precisa se preparar para deixar o ativo aplicado por mais tempo. Caso contrário, dificilmente terá bons retornos sem correr altos riscos.
Considerando tudo o que vimos até aqui, o que você deve estar se perguntando é: quais são as melhores modalidades a fim de obter o máximo de rendimento sem correr grandes riscos? O seu perfil é fundamental para essa resposta, mas acredite: há três opções bem interessantes e que vale a pena levar em conta.
Quer saber quais são elas? Confira:
São títulos emitidos pelos bancos e são comprados por pessoas físicas para manter as atividades de crédito da instituição financeira. Para o investidor, a vantagem é ter como retorno a quantia aplicada acrescida de juros.
Essa é uma modalidade da Renda Fixa que pode ter rentabilidade pré ou pós-fixada. No primeiro caso você sabe quanto receberá ao final a partir da taxa de retorno utilizada. Já na segunda situação, o rendimento geralmente está atrelado ao CDI, que costuma ficar próximo da Selic.
A vantagem do CDB é ter a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), entidade que assegura os investidores até o limite de R$ 250 mil por CPF, por banco. Por isso, se algum imprevisto ocorrer, quem aplica o dinheiro está tranquilo até esse valor.
Outros benefícios são:
Vale a pena destacar que o CDB sofre incidência de Imposto de Renda (IR), que segue a seguinte tabela:
Também pode ser cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos casos em que o dinheiro fica investido por menos de 30 dias. A taxa varia de 96% (nas aplicações de um dia) a 3% (para 29 dias).
As Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Imobiliário (LCI) são bastante similares, mas a primeira é voltada para o fomento de atividades agropecuárias, ao passo que a segunda é direcionada aos ativos imobiliários.
Há três formatos de investimento para esse caso:
A escolha pela LCI ou LCA deve ser feita a partir do título que tenha o maior potencial de rendimento no momento da seleção. As vantagens de optar por esse tipo de investimento são:
Essas duas aplicações, portanto, são indicadas a quem tem um valor alto para investir. De modo geral, há a possibilidade de aplicar a partir de R$ 5 mil. O valor varia conforme a instituição financeira. Em alguns bancos, é possível investir a partir de R$ 1.
Como mencionado, ao optar por um prazo mais longo (sem a necessidade de resgatar o dinheiro rapidamente), é possível encontrar bom rendimento ao mesmo tempo em que se investe em produtos proporcionalmente seguros.
Nesses casos, para não ficar sujeito a imprevistos, o ideal é que o investidor possua uma reserva de emergência equivalente a seis salários (ou seis vezes o seu orçamento mensal) aplicada em um ativo de alta liquidez. Assim, caso ocorra algum problema, sua saúde financeira não ficará comprometida.
Dessa forma é possível ter um fundo com liquidez e alocar o restante das suas economias em modalidades sem essa possibilidade por oferecerem uma rentabilidade mais alta.
Também há casos no mercado de investimentos com risco semelhante e rentabilidade diferente. É o caso da Poupança quando comparada aos CDBs de bancos médios. No entanto, todos os CDBs estão protegidos pelo FGC. Por isso, o risco de ambas as aplicações é parecido, mas o retorno dos Certificados de Depósito Bancário será maior.
Sem dúvida, fazer a gestão do lucro e equilibrar liquidez e rentabilidade não é extremamente fácil. Para isso, é fundamental que o investidor compreenda bem cada um dos conceitos e só defina suas prioridades após traçar um planejamento financeiro, com objetivos claros e responsáveis.
E você, como está fazendo a gestão do lucro ao investir? Qual é a sua prioridade: liquidez ou rentabilidade? Deixe seu comentário abaixo!