Quando o assunto é investimento, parece que sempre existe algo novo a aprender, ainda mais para quem começou a investir há pouco tempo ou está dando os primeiros passos. Nessa fase, várias dúvidas aparecem e é normal que o investidor queira saber como as mudanças na economia, especialmente a variação do dólar, afetam seus investimentos.
Para quem investe em moeda estrangeira, a relação entre a oscilação do dólar e a rentabilidade dos investimentos é um pouco mais óbvia. Mas como essas variações influenciam a maior parte dos investidores?
De que forma essas flutuações impactam aqueles que estão iniciando ou aplicam boa parte do seu dinheiro em Renda Fixa? Ou até mesmo aqueles que optam pela bolsa de valores?
É isso que vamos mostrar neste artigo. Portanto, continue acompanhando para compreender como a variação do dólar pode impactar suas aplicações.
A regra geral é a conhecida oferta e demanda. Quando há muito dólar disponível em determinado país, a moeda americana fica desvalorizada. Por outro lado, quando a oferta é baixa, ela se valoriza.
Essa flutuação pode ser bastante significativa. Basta ver o seguinte exemplo: em 06 de fevereiro de 2012, o dólar valia R$ 1,72. Já em 2015 chegou a R$ 4 e em abril de 2016 diminuiu para R$ 3,59. Em 13 de junho de 2017, a moeda americana ficou em R$ 3,31, de acordo com dados do dia divulgados pelo Valor Econômico.
A questão é: o que ocasiona essa variação da moeda? Existem muitos fatores que influenciam a oferta e a demanda de dólares, causando esse sobe e desce. Um deles é a taxa de câmbio, que é formada pela relação entre duas moedas. Isso define o modo de negociação entre dois países e qual será o preço utilizado em cada economia.
Nesse sentido, ainda existe o momento da cotação. Afinal de contas, o dólar aparece em 3 versões diferentes:
Além disso, existem outros fatores que impactam a variação. Conheça alguns dos principais:
As taxas de juros (tanto as do Brasil quanto as internacionais) influenciam bastante na variação cambial. Quer um exemplo? Quando elas sobem na economia nacional, o investidor pode optar por investir aqui em vez de nos Estados Unidos (já que seu dinheiro vai render mais). Com isso, cresce a presença do dólar no nosso país, o que derruba as cotações da moeda.
Essa é a relação entre o total de importações e exportações. Quanto mais positivo for o saldo da balança comercial, mais dólares terão entrado no Brasil, o que também afeta a cotação da moeda.
Commodities são artigos comercializados sem alterações, como frutas, minérios, petróleo, energia e madeira. Como esses produtos passam constantemente por importações e exportações, seu preço também impacta o câmbio.
O risco-país representa o grau de instabilidade de uma nação. Quanto mais baixo for o índice, mais investidores serão atraídos, o que aumenta a circulação de dólares no mercado e causa variações no câmbio.
O Bacen também atua na tentativa de controlar a inflação, as taxas de juros e a variação cambial. Para isso, pode “injetar” mais dólares no mercado ou retirá-los. No primeiro caso, passa a haver uma oferta maior da moeda americana e, consequentemente, seu valor é reduzido. Na segunda situação, a demanda aumenta e acontece o efeito contrário.
Algumas das alternativas mais comuns nesse sentido são a compra e venda de dólares, a redução ou aumento de impostos, a comercialização de títulos públicos na moeda americana e a elevação ou diminuição da taxa básica de juros (taxa Selic).
O dólar é usado como moeda de referência na economia internacional. Por isso, as variações da moeda americana afetam facilmente as relações entre quaisquer países, mesmo que não incluam os Estados Unidos.
Além disso, a taxa de câmbio acaba influenciando muito além das transações internacionais. Ela interfere na inflação e nos preços da economia nacional. Em outras palavras, engana-se quem pensa que só os produtos importados sobem de preço.
Na verdade, mesmo produtores rurais e bens de consumo produzidos dentro do Brasil sofrem consequências. Isso porque muitas das matérias-primas e máquinas têm preços cotados em dólar.
Um exemplo é o tradicional pão francês. Como 20% do trigo usado no Brasil é importado, o produto oscila de preço conforme a variação do dólar. Essa situação também ocorre com o adubo e a ração usados na agropecuária, com os cosméticos e produtos de beleza, com remédios e assim por diante.
A indústria também é largamente afetada pela variação do câmbio. Quando o dólar sobe, os produtos nacionais ficam mais baratos e os importados ficam mais caros, o que fortalece a indústria nacional. Porém, o contrário também ocorre.
Veja a seguir quem ganha com o aumento do dólar na economia:
O aumento da moeda americana deixa o processo de importação mais caro e o de exportação mais barato. Por isso, é um modo de equilibrar a economia.
Esses negócios se beneficiam com a alta do dólar porque seus custos são em reais, mas as receitas são na moeda americana. Dois exemplos são os empreendimentos de papel e celulose e as organizações do setor agrícola que faz exportações, como as produtoras de soja. O resultado é a maior competitividade dessas empresas no mercado externo.
A alta do dólar encarece os produtos importados. Com isso, as mercadorias nacionais ficam mais competitivas, porque seu valor é mais atrativo.
A elevação da moeda americana faz com que os brasileiros decidam tirar férias aqui no Brasil em vez de irem para o exterior. Essa característica eleva o turismo doméstico e permite que as empresas atreladas a esse segmento tenham resultados melhores.
Confira agora quem perde com a elevação da moeda americana:
O aumento do custo de produtos e serviços são repassados para você, o consumidor final. Na prática, isso faz com que o poder de compra diminua. Em outras palavras, adquire-se menos com a mesma quantia.
As empresas que dependem da compra ou venda de matérias-primas e produtos importados são prejudicadas com a elevação do dólar. Alguns exemplos são a indústria química e farmacêutica, revenda de carros importados, empreendimentos que comercializam chocolates, perfumes, vinho de outros países, entre outros.
É bom lembrar que os produtos importados e aqueles que depende de matéria-prima estrangeira acabam tendo seus preços aumentados pelo dólar. O resultado é o repasse dessa elevação para o consumidor final.
Os empreendimentos que se endividaram em dólar para adquirir equipamentos ou insumos e não contam com hedge cambial (um mecanismo de proteção) para assegurar o pagamento do débito têm grandes problemas com a alta da moeda americana. Isso pode levar, inclusive, a demissões de colaboradores e problemas na capacidade produtiva.
As compras no exterior sofrem a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na ordem de 6,38%. Além dessa taxa, a elevação do dólar aumenta o gasto no exterior ao fazer a conversão da compra para reais.
As viagens para turismo ou estudos são diretamente impactadas pela alta do dólar. Isso porque o turista tem menor poder de compra, e é mais difícil manter o consumo no país estrangeiro.
Por que isso acontece? É necessário entender como o dólar se comporta, pois é assim que se estabelece a taxa de câmbio.
A variação do dólar impacta diversos aspectos da economia. Entre eles, os investimentos. É preciso saber exatamente qual é a hora certa de comprar e vender a moeda para ter um rendimento melhor com a volatilidade de curto prazo.
Por isso, antes de começar a investir, é preciso ter consciência dessa relação. A Poupança, investimento mais popular, não sofre consequências diretas com a variação do dólar. Mas isso não quer dizer que ela seja uma boa aplicação para quem pretende lucrar com o dinheiro investido. Pelo contrário, uma vez que seus rendimentos são mínimos.
Já quem investe em fundos cambiais, por exemplo, é afetado diretamente. Esse tipo de investimento geralmente tem rendimento prefixado, somado à variação cambial. Isso significa que quando o dólar cai, o fundo tende a perder rentabilidade.
A Renda Fixa também é impactada, mesmo que esse impacto não seja direto. Quando o dólar está mais baixo, por exemplo, a inflação tende a ficar mais controlada. Com isso, a expectativa de juros cai, afetando negativamente a rentabilidade de aplicações como Certificado de Depósito Bancário (CDB), Tesouro Selic, Tesouro IPCA+, Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).
Porém, o contrário ocorre com os ativos prefixados, como o Tesouro Prefixado ou mesmo CDBs prefixados. Essas aplicações continuam pagando sempre o mesmo rendimento, mesmo que o dólar caia. Por outro lado, deixam de se beneficiar com a subida do dólar e das taxas de juros.
Os rendimentos de Renda Fixa menos afetados pela alta do dólar são:
Essa modalidade de investimento é feita pela compra de títulos dos bancos, que os emitem para captar dinheiro. O investidor recebe o valor investido acrescido de juros.
Por que essa modalidade não é muito afetada pelo dólar? É simples: como os títulos são emitidos em reais e a compra é feita nessa mesma moeda, não há grande interferência da economia internacional.
Além disso, há vários títulos prefixados que determinam exatamente o quanto você vai receber ao final da aplicação.
Essas duas aplicações possuem muitas similaridades. A diferença, basicamente, é que o LCI é voltado para o mercado imobiliário e o LCA para o agronegócio.
Nenhum dos dois sofre grande influência da variação do dólar porque esses títulos são emitidos por bancos e a moeda utilizada é o real. Portanto, são bons investimentos que garantem a sua rentabilidade, mesmo com a flutuação da moeda norte-americana.
E quem investe na bolsa de valores, como fica? Os investidores que negociam ações também percebem o impacto da variação do dólar. Porém, as consequências nem sempre são óbvias.
De modo geral, quando o dólar cai e a economia brasileira ganha força, há uma certa tendência de que os papéis das empresas nacionais apresentem melhor desempenho. Porém, isso não é regra.
As companhias exportadoras, por exemplo, costumam sofrer nesses momentos de queda da moeda americana. Por outro lado, empresas importadoras tendem a se beneficiar da queda do dólar e sofrer com as altas.
Já os fundos multimercados muitas vezes são procurados pelos investidores que querem se proteger nos diversos cenários. Esses fundos possuem uma variedade grande de ações, títulos públicos, moedas e commodities.
Seu objetivo é render mais que a Renda Fixa e sofrer menos com a variação do cenário econômico, incluindo a flutuação do dólar.
Como você viu, a variação da moeda americana pode afetar seus investimentos a partir de vários fatores diferentes. O importante é que, como investidor, você sempre acompanhe o mercado para ficar por dentro do que acontece.
Também é preciso investir com segurança, reduzindo os riscos na medida do possível sem que isso comprometa sua rentabilidade.
Este conteúdo sobre a variação do dólar foi útil para você? Então aproveite para aplicar as dicas que repassamos e deixar de sofrer com a flutuação da economia. Além disso, que tal entrar em contato com a gente para saber como podemos ajudá-lo?