Confira o resultado do cenário econômico nacional e internacional de 31 de março a 6 de abril, além da expectativa para a semana atual, por Roberto "Bob" Carline, estrategista-chefe do Banco Sofisa.
Brasil
A semana no Brasil foi marcada pelo anúncio de tarifas de importação para os produtos americanos estabelecidas em 10%, com impacto inicial estimado em US$ 2 bilhões sobre as exportações. O movimento gerou uma redução nas taxas de juros praticadas e queda no Ibovespa, enquanto os agentes econômicos buscam calibrar as expectativas e ajustar um novo patamar de acomodação. Como já havíamos antecipado, essa dinâmica tende a gerar reações de ajuste por parte das nações mais afetadas, ampliando as incertezas e pressionando as expectativas inflacionárias globais. Por outro lado, em termos relativos, o Brasil pode se beneficiar dessa reorganização do comércio internacional, posicionando-se como uma alternativa estratégica.
Mundo
No ambiente internacional, os mercados globais enfrentaram intensa volatilidade após o anúncio das novas tarifas comerciais pelos EUA. Apesar de os indicadores de atividade e emprego no país terem superado as expectativas, a semana foi marcada por aversão ao risco após o dia 2, com os agentes econômicos avaliando os possíveis impactos. Na Zona do Euro, o destaque ficou para o discurso da presidente do BCE, que alertou sobre os riscos das políticas tarifárias e do aumento dos gastos públicos nas economias centrais, fatores que podem pressionar as curvas de juros e exigir uma condução ainda mais cautelosa da política monetária no Bloco. Já na Ásia, enquanto os PMIs chineses surpreenderam positivamente, o país anunciou 34% de tarifas adicionais sobre importação dos EUA, em resposta às medidas de Donald Trump.
Resultados
Nossos resultados acumulados (de 31 de outubro de 2023 até 2 de abril de 2025) apresentaram retração nos perfis arrojado e agressivo em relação à semana anterior. O desempenho em março refletiu a maior exposição ao risco por meio do Fundo Az Quest Top Long Biased, que sofreu especialmente na primeira quinzena do mês passado devido à parcela internacional da carteira, impactada pelos ruídos gerados pelo novo modelo econômico americano. Ressaltamos, no entanto, que a redução do nível de juros observada a partir de 02 de abril, tende a ser capturada por nossas estratégias de renda fixa, beneficiando tanto o Fundo Arx Elbrus, quanto os títulos do Tesouro Direto prefixados e atrelados à inflação - os quais seguimos considerando atrativos para entrada. Por ora, entendemos que o movimento abrupto da semana passada no mercado de juros local foi tático, à medida que os agentes econômicos buscam recalibrar as expectativas.
Para a semana que se inicia em 7 de abril, no Brasil, os fatores externos devem continuar influenciando o cenário local, ao passo que as divulgações dos dados de vendas no varejo, do crescimento do setor de serviços e da prévia do PIB, apesar de relevantes, tendem a ficar em segundo plano. A inflação ao consumidor (IPCA oficial) de março também estará no radar, especialmente se houver alguma surpresa em relação ao IPCA-15. No cenário internacional, o segundo trimestre começa com o monitoramento dos dados da economia americana dominando as atenções, enquanto os desdobramentos e possíveis retaliações às políticas tarifárias seguem alimentando incertezas e impactando as projeções de crescimento global.
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