Confira o resultado do cenário econômico nacional e internacional de 23 a 29 de junho, além da expectativa para a semana atual, por Roberto "Bob" Carline, estrategista-chefe do Banco Sofisa. Boa leitura!
Boa leitura!
A semana começou com a divulgação da ata do Copom, que reforçou a leitura de estabilidade dos juros em 15% a.a. até o fim do ano, sem trazer grandes novidades em relação ao comunicado anterior. No campo dos indicadores econômicos, o Índice de Confiança do Consumidor recuou em junho. O dado sugere que, mesmo com a resiliência da atividade econômica, as famílias continuam pressionadas por um cenário de elevado endividamento, inadimplência e juros altos, o que restringe o consumo. A leitura corroborou com os números do IPCA-15 e IGP-M, que confirmaram processo de desinflação no curto prazo. Já os dados de desemprego voltaram a mostrar dinamismo no mercado de trabalho, mantendo o tema no radar do Banco Central.
Ainda no noticiário doméstico, o BC realizou dois leilões no mercado de câmbio. A medida, embora sem impacto direto sobre o nível do dólar, teve como objetivo dar suporte à moeda brasileira, contribuindo indiretamente para o controle da dívida bruta. Além disso, tivemos a derrubada da MP do IOF, que foi bem recebida pelo mercado, ao passo que também levanta preocupações com a meta fiscal de 2025.
A percepção de risco medida pelo CDS5Y Brazil melhorou para 152 pts, o Ibovespa recuou para 136.946 pts.; o dólar, em queda de 0,72%, atinge patamar de R$5,48. O prêmio para LTN 2028 caiu, atingindo 13,38% a.a, enquanto a NTN-B ficou estável em IPCA+6,96% a.a.
Temos até o dia 25 de junho:
O apetite por risco voltou a prevalecer nas bolsas globais após o anúncio do cessar-fogo entre Israel e Irã e a não concretização das ameaças de bloqueio ao Estreito de Ormuz. O alívio nas tensões geopolíticas contribuiu para a queda nos preços do barril de petróleo e favoreceu a renovação das máximas históricas do índice S&P500, impulsionado pelo setor de tecnologia. Apesar disso, é importante destacar que os EUA enfrentam atualmente uma sobrecarga externa significativa, com múltiplas frentes de atuação simultâneas — incluindo Oriente Médio, Ucrânia e China — o que tende a ofuscar parte dos desafios estruturais da economia doméstica. Do lado dos dados, os resultados dos PMIs, vendas de imóveis e núcleo PCE superaram as expectativas, alinhando-se ao discurso do presidente do Fed no Congresso americano, o qual reforçou que não há pressa para iniciar o ciclo de cortes de juros, defendendo uma abordagem prudente diante dos potenciais impactos tarifários.
Na Zona do Euro, as comunicações dos principais dirigentes dos Bancos Centrais do bloco seguiram em tom construtivo, ao passo que o euro continua se fortalecendo frente ao dólar. Ainda assim, a perda de competitividade industrial diante da China, os desafios fiscais decorrentes da expansão da dívida pública e aumento de gastos com defesa continuam sendo pontos de atenção importantes.
Na Ásia, o Banco Central do Japão manteve uma postura cautelosa em relação à política monetária. Na China, a sinalização do acordo comercial com os EUA ajudou a impulsionar o apetite a risco.
O Índice S&P 500 disparou (+3,41%) aos 6.173 pts, o VIX (Índice do medo) recua
(-21,24%) para 20,72 pts. Já o Euro Stoxx 50 (+1,94%) e FTSE 100 (+0,28%). Índice DXY, cai (-1,50%) para 97,29 pts. Petróleo (WTI) em forte queda (-12,47%) aos US$ 64.52/barril.
No Brasil, os dados fiscais estarão no centro das atenções nesta semana, com destaque para os resultados da dívida/PIB e do balanço orçamentário. A agenda econômica também contará com a divulgação da Produção Industrial e da Balança Comercial. Com a taxa Selic atingindo o novo patamar de 15% a.a. na semana passada, e considerando os sinais contidos na ata do Copom, avaliamos que, a partir de agora, o Banco Central deve concentrar seus esforços no monitoramento da eficácia dos canais de transmissão da política monetária, observando os desdobramentos sobre os principais indicadores econômicos. Embora o comunicado tenha deixado portas abertas para eventuais novas elevações, entendemos que a probabilidade de novas altas de juros é reduzida, devendo ocorrer apenas diante de deteriorações relevantes nas expectativas.
Relativo às pautas orçamentárias, o projeto que eleva a faixa de isenção de I.R para quem ganha até R$5 mil por mês tende a ganhar tração. O relator da proposta sinalizou a intenção de votar o texto na comissão especial ainda antes do recesso que começa no dia 18 de julho. Em paralelo, os agentes econômicos seguem acompanhando as repercussões fiscais, após a derrubada da MP que aumentava o IOF. A expectativa é que sejam apresentadas novas medidas que contribuam para fortalecer a sustentabilidade orçamentária e dar maior previsibilidade ao ambiente econômico.
Em resumo, o momento atual exige a capacidade de separar ruídos de fatores com potencial de alterar estruturalmente os cenários. Assim, para o início de mês, manteremos o rigoroso controle de riscos como critério central na tomada de decisões, preservando a solidez das carteiras.
Para a semana que se inicia no exterior, os destaques nos EUA estarão concentrados na agenda de indicadores econômicos com a divulgação dos resultados do PMI Industrial e de Serviços, balança comercial e os tradicionais dados de emprego: Jolts, Adp e Payroll. Não esperamos grandes surpresas nos números, reforçando o cenário de desaceleração gradual da economia, que, por ora, não abre espaço para uma flexibilização monetária mais agressiva por parte do Fed. Em nossa visão, os principais vetores de pressão inflacionária global seguem ligados aos efeitos do arcabouço MAGA, cujos desdobramentos permanecem incertos.
No Reino Unido, os holofotes estarão sobre os resultados do PIB e dos PMIs, enquanto na Zona do Euro a atenção recai sobre as vendas no varejo, a variação do emprego na Alemanha, além das leituras regionais dos PMIs e CPI do bloco.
Na Ásia, o foco estará nos dados do Japão com a divulgação da projeção da produção industrial e do índice de confiança empresarial Tankan. Já na China, os destaques são os resultados dos PMIs, em meio ao crescente monitoramento da sua estratégia de reposicionamento global. Pequim tem avançado no processo de redução da dependência do sistema financeiro ocidental e fortalecido alianças estratégicas. Além disso, entendemos que a China tende a se consolidar como um dos principais vencedores geopolíticos dos recentes conflitos internacionais, ao observar seus principais adversários se desgastarem mutuamente, enquanto preserva recursos e ganha espaço para ampliar sua influência estratégica. Soma-se a isso ao fato de assumir uma postura diplomática mais conciliadora, contrastando com o discurso frequentemente mais beligerante por parte dos EUA.
SIMULAÇÃO DE RETORNOS
Nossos resultados acumulados (de 31 de outubro de 2023 até 25 de junho de 2025) seguiram estáveis, com leve retração nos perfis arrojado e agressivo. Até o dia (25) deste mês, os principais detratores de performance foram os fundos com maior exposição a risco de mercado, como o fundo de renda fixa Arx Elbrus e de renda variável Az Quest Top Long Biased, pressionados pela volatilidade nos spreads de crédito e pelas incertezas fiscais no Brasil. Por outro lado, nosso bloco de proteção segue cumprindo seu papel ao reduzir os riscos e suavizar os impactos negativos.
Gráfico 03: Variação do índice Ibovespa nos últimos cinco ciclos de decisão do COPOM, refletindo expectativas do mercado frente à política monetária.
Na Renda Fixa – (Gráfico – Comportamento de Juros), a curva de juros seguiu dentro das expectativas, sem distorções relevantes. Os vértices curtos avançaram, abrindo espaço para operações de carry trade, enquanto a ponta longa recuou na semana subsequente à decisão do Copom. O movimento reforça a leitura de mercado de que o patamar de 15 % a.a. já embute prêmio adequado ao cenário base e de que novas altas só ocorrerão diante de choques inflacionários expressivos.
Já na Renda Variável (Gráfico – Evolução do Ibovespa), o maior apetite ao risco acompanhou a recuperação das principais bolsas globais, após o anúncio de cessar-fogo entre Israel e Irã. No mercado local, a ata do Copom trouxe dois pontos‐chave:
Nesse quadro, o Fundo AZ Quest Top Long Biased permanece bem posicionado. A flexibilidade da estratégia permite capturar oportunidades em cenários otimistas e, se necessário, lucrar com posições vendidas em ambientes adversos.
Para o início de julho, mantemos as carteiras recomendadas inalteradas. Avaliamos, porém, a inclusão de um novo produto de renda fixa, que atualmente se encontra em curadoria e seleção, com foco especial na análise de crédito. Qualquer mudança nos meses seguintes será comunicada oportunamente por nossos canais oficiais.