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Mercado financeiro em foco: Selic deve subir e tensão global

Escrito por Sofisa Direto | 16/06/2025 14:49:35

Confira o resultado do cenário econômico nacional e internacional de 09 a 13 de junho, além da expectativa para a semana atual, por Roberto "Bob" Carline, estrategista-chefe do Banco Sofisa.

Boa leitura!

SEMANA DE 09/06/2025

Ambiente Local

Uma semana, dois temas. Essa é uma forma de resumir os fatores que tiveram destaque em nosso país, também bastante influenciado pelo ambiente internacional.

Na reta final para a reunião do COPOM, a leitura dos dados — que apontam para um crescimento econômico ainda robusto e menos sensível do que se estimava ao patamar já considerado restritivo da Selic — veio acompanhada de sinais de que a inflação segue sob controle. Com isso, as expectativas do mercado se ajustaram, e a chance de alta na taxa básica passou a ser precificada com probabilidade ao redor de 60%. Esse cenário, somado à estabilidade — e até alguma melhora — nas projeções do Boletim Focus, foi bem recebido pelos agentes.

Contudo, os debates e negociações para que se tenha um plano alternativo ao aumento do IOF não encontraram convergência e isso acabou por gerar alguns impactos no mercado de renda fixa.   

A percepção de risco medida pelo CDS5Y Brazil cedeu 5,6% para 151 pontos, mas o Ibovespa variou +0,82% no período ao perder parte dos resultados da semana no dia 13. A taxa de Câmbio Real/Dólar oscilou -0,19%. A renda fixa teve movimento saudável, com as taxas se posicionando na LTN 2027 em 13,90% a.a. e na NTN-B 2035 em IPCA+7,36% aa. Assim conquistamos resultados saudáveis na semana:

Gráfico 01: Rentabilidade Acumulada por Perfil x Índices de Referência – Junho/2025.

Ambiente Internacional

Os dias de bons indicadores, ajustes positivos de expectativas e acomodação de preços, taxas e percepção de risco no mercado internacional sofreram uma reversão parcial no dia 13, quando as agressões entre Israel e Irã infelizmente se materializaram. Nem mesmo os dados divulgados pela Universidade de Michigan apresentando melhores expectativas sobre trajetória de inflação, confiança e percepção do consumidor, e sobre as condições atuais dos EUA foram suficientes para conter um movimento de aversão a risco rápido e pontual no último dia da semana.

Além desse conjunto de dados já mencionado, e colocando de lado o conflito entre Israel e Irã, vemos que a dinâmica da economia americana continua robusta sob as perspectivas do mercado de trabalho (geração de empregos e renda), índices de inflação estáveis e crescimento dentro da normalidade para os EUA. Houve alguns avanços relacionados à negociação com a China e outros países no contexto da política tarifária, considerado pelo Fórum Econômico Mundial o principal elemento de incerteza global. Algumas tensões adicionais surgiram nos campos fiscal e social – mas com impacto neutro no curto prazo. Ao mesmo tempo continuamos capturando bons ventos da Ásia com a Índia, além de China e Japão –  que seguem em trajetórias de riscos contidos e evolução saudável; e na União Europeia, com Euro fortalecido, inflação controlada e busca por formas de aumentar sua taxa de crescimento. 

O Índice S&P 500 encerrou a semana com -0,39% e o VIX (ou “índice do medo”) voltou a subir para próximo dos 20 pontos. Os Índices Euro Stoxx 50 (-2,44%) e FTSE 100 (+0,10%) refletindo o momento econômico e geopolítico. O Índice DXY (cesta do Dólar americano VS. outras moedas) se desvalorizou e encerrou a semana próximo a 98,20, já o petróleo (WTI) subiu e voltou para nível próximo a US$ 73.20.

O QUE OBSERVAR NA PRÓXIMA SEMANA?

Ambiente local

Teremos uma semana mais curta por conta do feriado de Corpus Christi na quinta-feira. Ainda assim, a agenda seguirá intensa, com dois grandes temas dominando a atenção dos agentes econômicos — e com potencial de influenciar mais do que o Boletim Focus, que não deve trazer surpresas, e os dados de atividade (IBC-Br) e inflação (IGP-DI).

No dia 18, quarta-feira, o COPOM divulgará sua decisão sobre a Selic após um período no qual algumas mudanças de expectativas dos agentes econômicos aconteceram. Enquanto o Boletim Focus de 06 de junho apontava o patamar atual, 14,75% a.a., como sendo taxa de juros básica projetada para o final deste ano, as probabilidades de sua alta para 15,00% nesta reunião oscilaram entre o mínimo de 14,50% e o máximo de 69,00% da última reunião até o dia 12 deste mês, quando atingiu 62,50%. Aspectos relacionados à resiliência de nossa economia, tanto por nível de atividade como de emprego, inflação e diversas incertezas sugerem a elevação para 15,00% a.a., que não será recebida com surpresa se ocorrer.

O outro tema de observação próxima e influência nas ações dos agentes econômicos locais é o debate relativo às medidas propostas em substituição ao conjunto de iniciativas envolvendo a elevação do IOF, entre outras. Por ser um tema que ainda apresenta muitas variáveis abertas e ter relação direta com o orçamento da União (política fiscal), seus desdobramentos terão impacto em diferentes setores e contextos de nossa sociedade ao longo do tempo.

Em resumo, uma semana em que se sugere serenidade e mecanismos de diversificação para capturar oportunidades e reduzir riscos.

Ambiente Internacional

Apesar de ser um período repleto de indicadores econômicos, acreditamos que as atenções e elementos de maior influência não serão muitos.

A China tende a ser monitorada ainda mais de perto a partir desta segunda-feira. Dados sobre atividade econômica, mercado imobiliário, crédito e a definição da taxa de juros no dia 20 serão importantes para avaliar se o país continua se adaptando de forma equilibrada ao novo cenário geopolítico e às negociações comerciais ainda em aberto com os EUA — apesar das preocupações de longo prazo.

Outro fator a ser observado é, mais uma vez, o aumento das tensões no Oriente Médio, como o conflito entre Israel e Irã — que, até o momento, tem apresentado impactos econômicos limitados e regionalizados. 

Também teremos dados de inflação em economias relevantes como Reino Unido e União Europeia, que tendem a não influenciar movimentos de mercado relevantes uma vez que a condução da política de juros de seus bancos centrais se mostra bastante assertiva. Aliás, a própria divulgação da esperada manutenção da taxa de juros em 4,25% a.a. não deve ser surpresa ao ser anunciada no dia 19, no Reino Unido.

Como há muito acontece, os EUA permanecem como protagonistas e a manutenção da taxa de juros americana em 4,50% a.a. na quarta-feira será tratada com naturalidade. Contudo, com a expectativa de que dois cortes de 0,25 pp cada ocorram ainda este ano, os agentes de mercado vão reagir às declarações do presidente do Fed após o anúncio de manutenção. Não acreditamos em reversão de tendência de valorização do Euro e de outras moedas frente ao dólar americano, assim como a queda dos títulos públicos dos EUA.

SIMULAÇÃO DE RETORNOS

Tabela 01: Rentabilidade e Risco por Perfil – Comparativo Trimestral e Anual | Junho/2025. 

O último período para a apuração dos retornos simulados de nossas recomendações, os dias entre 04 e 11 de junho, trouxe notícias importantes e favoráveis para as alocações sugeridas.

Legenda: Evolução da Curva de Juros – Comparativo COPOM e Datas de Fechamento em 2025.

 

Legenda: Ibovespa e Nível da Selic – Impactos das Decisões do COPOM até Maio/2025.

O primeiro evento que merece destaque aconteceu no mercado de juros, com o fortalecimento das expectativas de que a Selic passará por elevação de 0,25 pp na próxima quinta-feira e assim será encerrado o ciclo de altas de nossa taxa de juros básica em 15,00% a.a. Esse movimento, associado a um novo ajuste nas expectativas e prêmios praticados no mercado de crédito – especialmente de alta qualidade – ajudaram a alimentar retornos acima do CDI, principalmente no Arx Elbrus (liquidez em 30 dias, isento de IR e com retorno atrelado à inflação por meio do IMA-B). Naturalmente esse movimento também foi benéfico para as alocações em títulos de renda fixa bancária (CDBs, LCIs e LCAs) que, especialmente no contexto em que pode haver uma mudança em tributação a partir de 2026, se apresentam atrativos e permitem que a disciplina de investimentos recorrentes gere uma carteira de títulos com uma taxa média em patamares positivamente raros. O Ibovespa também teve um movimento favorável no período e que contribuiu com as estratégias do Vinci Atlas e do AZ Quest Top LB, porém ambos não apresentaram resultados ainda mais relevantes devido suas exposições internacionais uma vez que as estratégias fora do país estão sujeitas a dois elementos de variação: a da própria estratégia e a da taxa de câmbio, com o Real se apreciando frente ao Dólar americano tais resultados acabam por se tornarem menos relevantes.

Os últimos dias da semana, 12 e 13 de junho, trouxeram oscilações de mercado relevantes. Contudo a estrutura das estratégias está preparada para absorver boa parte desses movimentos, assim como para o COPOM desta quarta-feira.