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Mercado financeiro em foco: inflação recua e Bolsa sobe

Escrito por Sofisa Direto | 07/07/2025 13:28:40

Confira o resultado do cenário econômico nacional e internacional de 30 de junho a 6 de julho, além da expectativa para a semana atual, por Roberto "Bob" Carline, estrategista-chefe do Banco Sofisa.

Boa leitura!

SEMANA DE 30/06/2025

Ambiente Local

Após um primeiro semestre marcado por mudanças nas expectativas econômicas, com maior influência de fatores externos do que internos, observamos um forte fluxo líquido positivo de capital estrangeiro no Ibovespa. Esse movimento gerou certo descompasso entre investidores estrangeiros e locais, e reflete um movimento global de rotation iniciado com o chamado “Liberation Day” (2 de abril), quando o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou novas tarifas de importação. A Bolsa brasileira tem se beneficiado nesse contexto, mantendo-se bem posicionada em termos relativos e com valuations ainda atrativos.

Na última semana, os dados fiscais e de atividade não trouxeram grandes surpresas. O Boletim Focus voltou a indicar melhora nas expectativas de inflação para 2025, o movimento foi sustentado pela deflação de 0,08% no IPC-Fipe de junho e pelos dados de Caged abaixo do esperado. Esses elementos reforçam a visão do Banco Central de que os efeitos da política monetária mais contracionista começam a se refletir, ainda que de forma gradual, na economia real.

A percepção de risco medida pelo CDS5Y Brazil melhorou para 144 pts. O Ibovespa renovou sua máxima histórica e atingiu 140.368 pts. O dólar, em queda, encerra a semana aos R$5,42. Os prêmios para LTN 2028 e NTN-B 2040 recuaram levemente, atingindo respectivamente 13,32% a.a e IPCA + 6,91% a.a. 

Temos até o dia 02 de julho:

Gráfico 01: Carteira agressiva lidera até jul/25, acima do CDI.

Ambiente Internacional

No exterior, os dados de emprego nos EUA voltaram a trazer sinais mistos. Enquanto o relatório Jolts e o Payroll reforçaram a resiliência do mercado de trabalho americano, os números do ADP frustraram as expectativas, reacendendo a projeção de mais de um corte de juros ainda em 2025 por parte de alguns agentes econômicos. No entanto, seguimos avaliando que essa percepção é prematura, sobretudo diante da política fiscal expansionista embutida no arcabouço MAGA e diante das incertezas comerciais persistentes, que seguem pressionando o dólar tanto no curto quanto no longo prazo. Ainda assim, o apetite por risco global foi sustentado pela expectativa de novos acordos comerciais, especialmente com a China, antes do fim do prazo para negociações, marcado para 9 de julho.

Na Europa, o discurso da presidente do BCE trouxe uma avaliação construtiva sobre a estabilização da inflação, que hoje se encontra próxima de 2%, mas reforçou a postura cautelosa quanto a cortes adicionais de juros, mesmo diante do consumo ainda fraco na Alemanha. Christine Lagarde destacou que os efeitos potenciais das tarifas americanas seguem como possíveis obstáculos à continuidade do processo de flexibilização.

Na Ásia, a China continua consolidando seu protagonismo, com dados econômicos indicando maior estabilidade. Já no Japão, o sentimento de aversão a risco ganhou força após Trump colocar em dúvida o fechamento de um acordo comercial com os EUA.

O Índice S&P 500 sobe (+2,09%) aos 6.279 pts, VIX (Índice do medo) recua (-20,95%) para 16,38 pts. Já o Euro Stoxx 50 (-0,92%) e FTSE 100 (+0,27%). Índice DXY, cai (-0,32%) para 96,98 pts. Petróleo (WTI) se eleva (+1,78%) aos US$ 65.67/barril.

O QUE OBSERVAR NA PRÓXIMA SEMANA?

Ambiente local

No Brasil, o início do 2º semestre deve manter os agentes de mercado atentos à evolução dos indicadores econômicos — com destaque para inflação e mercado de trabalho — além do acompanhamento contínuo da situação fiscal, que segue como variável relevante na condução da política monetária pelo BC. Apesar de sinais de arrefecimento no consumo, a resiliência da demanda ainda está ancorada no dinamismo do mercado de trabalho e na manutenção do crédito em níveis relativamente elevados.

Para a semana, os destaques da agenda serão a divulgação do IPCA de junho, além do IGP-DI, vendas no varejo e crescimento do setor de serviços — todos essenciais para avaliar o ritmo da atividade econômica e os efeitos, ainda que defasados, da política monetária sobre a economia. Nesse contexto, apesar da recente queda no barril do petróleo ter contribuído para controle de preços no curto prazo, os impulsos fiscais e o acionamento da bandeira vermelha na conta de energia elétrica continuam levantando preocupações com o processo de desinflação. Paralelamente, as mudanças nas regras do IOF continuam gerando debates no Congresso. A indefinição sobre compensações fiscais segue atrasando o avanço de outras pautas importantes, como a Reforma Administrativa, que também enfrenta resistências em pontos sensíveis como estabilidade para novos servidores, regras para contratos temporários e concursos públicos. 

Por fim, entendemos que as oportunidades em renda fixa ligada ao IPCA e ao prefixado permanecem em patamares atrativos em termos históricos, assim como a renda variável para quem tem perfil continua se mostrando uma alternativa a ser considerada.

Ambiente Internacional

No exterior, passados os primeiros seis meses de 2025, os Estados Unidos seguem como protagonistas no cenário global. As incertezas em torno do arcabouço MAGA continuam no centro do radar dos agentes econômicos, com repercussões relevantes sobre os ativos globais. Para este início de julho, o foco permanece sobre os indicadores de atividade e inflação, além da dinâmica do dólar frente a outras moedas. Nosso cenário base segue apontando para um movimento gradual de diversificação dos investimentos globais, com maior alocação em outras regiões — tanto em economias desenvolvidas quanto emergentes — nas quais o Brasil tende a seguir relativamente favorecido. Apesar das pressões políticas por parte do presidente americano e do secretário do Tesouro, Scott Bessent, sobre o Federal Reserve, avaliamos que o elevado nível de endividamento público e as pressões inflacionárias residuais ainda exigem cautela por parte da autoridade monetária. O mercado segue precificando o início do ciclo de flexibilização a partir da reunião de setembro, conforme indica o monitor de juros da CME.

Na Zona do Euro, o crescimento segue em ritmo moderado. Apesar da recente valorização do euro frente ao dólar, os desafios estruturais seguem no radar. Nesta semana, a agenda inclui os indicadores de atividade na Alemanha — como produção industrial e inflação ao consumidor — além da divulgação do CPI na França.

Na Ásia, o destaque permanece na ampliação do protagonismo regional, liderado por China, mas também impulsionado pelo fortalecimento das relações comerciais entre economias como Índia, Taiwan, Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura — o que contribui para a maior relevância econômica da região no cenário global.

SIMULAÇÃO DE RETORNOS

Tabela 01: Carteira conservadora lidera no ano até jul/25, com menor volatilidade. 

Nossos resultados acumulados (de 31 de outubro de 2023 até 02 de julho de 2025) seguiram estáveis, com destaque para os perfis arrojado e agressivo, impulsionados principalmente pela performance do fundo Az Quest Top Long Biased, que encerrou junho com retorno de 3,30%, superando o Ibovespa (1,33%) e o CDI (1,10%).

Gráfico 02: Comportamento da curva de juros de 3 meses a 10 anos, entre 30/12/2024 e 03/07/2025, com destaque para as datas de reuniões do COPOM.

Gráfico 03: Evolução do Ibovespa entre dezembro de 2024 e junho de 2025, com marcações das últimas cinco reuniões do COPOM e variações no índice. monetária.

No universo da renda fixa (Gráfico – Comportamento dos Juros), observamos o arrefecimento das expectativas de juros e inflação, tanto nas curvas quanto no Boletim Focus. Esse movimento foi influenciado por fatores externos, como a queda nos preços do petróleo no mercado internacional e dados mistos da economia americana, que reacenderam as apostas de novos cortes de juros nos EUA ainda em 2025. No primeiro semestre de 2025, mesmo com a Selic em patamar elevado, o CDI não esteve entre os três ativos com maior rentabilidade. Os destaques foram, respectivamente: Ibovespa, IRF-M e IMA-B – todos presentes em nossas carteiras recomendadas desde 2023.

Na renda variável (Gráfico – Evolução do Ibovespa), o processo de diversificação internacional por parte dos investidores segue em curso, com o Brasil sendo um dos destinos favorecidos. Para julho, esperamos a manutenção da volatilidade, especialmente nos mercados norte-americanos, ao passo que o dólar tende a permanecer pressionado. Os elementos do arcabouço MAGA, com seu viés fiscal expansionista, ainda impõem riscos inflacionários estruturais, o que, na nossa visão, limita o espaço para cortes adicionais de juros. Entretanto, novas surpresas nos dados de emprego podem alterar essa leitura. Nesse contexto, a diversificação segue sendo o principal pilar das nossas recomendações. 

Adicionalmente, a Global Strategy segue bem posicionada, mesmo com exposição cambial. Recomendada para os perfis arrojado e agressivo por meio de nossa corretora, a estratégia tem buscado captar oportunidades em diferentes ciclos de política monetária ao redor do mundo. A diversificação geográfica – com alocações em países como China, Japão, Índia, Reino Unido e França, além dos EUA – contribui para mitigar riscos e ampliar o potencial de retorno.

Para o segundo semestre, mantemos uma visão construtiva e equilibrada para todos os perfis, com foco no controle de riscos e consistência de resultados ao longo do tempo.