No Brasil, a semana foi marcada por sentimentos mistos. Os destaques positivos vieram com os resultados do IPCA-15 e IGP-M, que surpreenderam ao apontar uma inflação significativamente abaixo do esperado, ao passo que os dados do mercado de trabalho, medidos pelo CAGED, evidenciaram a resiliência da atividade econômica. Ademais, no campo fiscal, os números referentes ao orçamento não trouxeram surpresas relevantes.
Em Brasília, as atenções continuaram voltadas às novas regras do IOF anunciadas na semana anterior. Fernando Haddad, promoveu reuniões com senadores e banqueiros com o objetivo de prestar esclarecimentos adicionais. Apesar disso, os agentes econômicos seguem observando articulações no parlamento com intuito de vetar as medidas anunciadas - o que pode dificultar a entrega da meta fiscal deste ano. Paralelamente, novos medidas provisórias seguem no radar, como a implementação do vale-gás e a isenção de tarifas de energia elétrica para determinados grupos. Tais iniciativas mantêm observação próxima do mercado quanto à trajetória fiscal.
A percepção de risco medida pelo CDS5Y Brazil melhorou para 161 pts. Apesar das altas nas bolsas globais, o Ibovespa recuou e atingiu 137.120 pts. Dólar em alta, encerra a semana aos R$5,71. Os prêmios para LTN 2028 e
NTN-B 2040 se mantiveram estáveis, atingindo respectivamente 13,54% a.a e IPCA+7,01% a.a.
Temos até o dia 28 de maio:
No exterior, a semana foi marcada por maior apetite a risco global após o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA anular a imposição de tarifas globais, justificando ilegalidade. Posteriormente, o Tribunal de Recursos atendeu a um pedido de Trump e suspendeu temporariamente a decisão, para que o processo seja analisado com maior profundidade. Além disso, os indicadores econômicos surpreenderam positivamente. Destacamos em especial: (i) o resultado do índice de confiança do consumidor que voltou a subir após 5 meses consecutivos de queda, (ii) núcleo do PCE em linha com as expectativas. A melhora observada nos ativos de risco se estendeu para o mercado de renda fixa americano, com as treasuries longas cedendo e ajudando a aliviar as pressões sob a dívida americana. Seguimos entendendo que a economia dos EUA ainda demanda cautela, uma vez que o arcabouço MAGA tende a manter a volatilidade elevada no curto e médio prazo.
Na Europa, o grande destaque veio do discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde, que alertou para a substituição da globalização por um movimento protecionista, além de levantar questionamentos sobre o papel dominante do dólar no sistema financeiro internacional, sugerindo o euro como uma alternativa potencial.
Na Ásia, a baixa demanda por títulos soberanos no Japão persiste. As preocupações com a saúde fiscal crescem, ao passo que os investidores buscam alternativas em outras economias desenvolvidas com melhor relação risco/retorno.
O Índice S&P 500 sobe (+2,24%) aos 5.911pts, o VIX (Índice do medo) recua
(-16,59%) para 18,57 pts. Já o Euro Stoxx 50
(+0,03%) e FTSE 100 (+0,38%). Índice DXY, se eleva (+0,29%) para 99,40 pts. Petróleo (WTI) em queda (-2,00%) aos US$ 60.29/barril.
No Brasil, a primeira quinzena de junho será marcada pelas últimas divulgações de indicadores antes da decisão de política monetária, agendada para o dia 18. Nesta semana, os agentes econômicos estarão atentos aos dados da balança comercial, inflação ao produtor (IPP) e IGP-DI, além dos indicadores de atividade medidos pela produção industrial. Estaremos particularmente atentos aos resultados que possam influenciar a decisão sobre a taxa Selic, embora não esperemos distorções significativas nestas divulgações, o Banco Central mantém a porta aberta para novos ajustes, caso necessário.
Sob a ótica de médio e longo prazo, os fatores externos devem continuar exercendo influência sobre o ambiente doméstico. O Brasil e os países emergentes no geral vem se destacando de forma relativa em relação a outras economias, o que tem contribuído para a valorização do real, alívio sobre as expectativas inflacionárias e valorização dos ativos de risco. Apesar disso, como temos ressaltado nos últimos meses, os desafios estruturais – em especial os de natureza fiscal – permanecem como importante fonte de volatilidade.
Paralelamente, os agentes econômicos seguem atentos as potenciais implicações da mudança nas regras do IOF sobre o mercado de crédito. Dois pontos têm concentrado as maiores preocupações: (i) unificação e classificação da modalidade de risco sacado como operação de crédito; e (ii) o aumento da alíquota do IOF para PJ. As discussões remetem ao financiamento das atividades das empresas, além do risco de encarecimento do capital de giro. O tema permanece no radar por seus potenciais reflexos sobre a atividade econômica.
Iniciamos o último mês de um primeiro semestre volátil e agitado em 2025. Para a semana que se inicia em 2 de junho, nos EUA, a agenda inclui a divulgação dos tradicionais indicadores de emprego, que trarão insumos relevantes sobre a temperatura da economia americana e serão amplamente monitorados pelo Fed. Além disso, o PMI Industrial ajudará a complementar o diagnóstico sobre a atividade. Enquanto os agentes econômicos permanecem atentos ao andamento das negociações comerciais com outras potências, especialmente China e União Europeia, a indefinição em torno das tarifas globais deve continuar alimentando a volatilidade e adicionando incertezas à formulação da política monetária em diversos países.
Na Zona do Euro, os destaques ficam por conta da divulgação dos PMIs regionais e da produção industrial da Alemanha, que antecedem a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) marcada para o dia 5 de junho. O mercado segue projetando a manutenção do ciclo de flexibilização monetária, com um corte de 25 bps, levando a taxa básica para 2% ao ano. Após esse movimento, o BCE deve adotar uma postura mais cautelosa, monitorando os próximos dados de atividade e os desdobramentos da guerra tarifária antes de seguir com novos estímulos. No Reino Unido, indicadores de atividade ajudarão a compor o panorama macroeconômico da região.
Na Ásia, a semana terá agenda mais enxuta devido a feriado na China. Embora esteja prevista a divulgação do PMI de serviços, o foco dos investidores permanece sobre os estímulos fiscais e monetários em andamento no país. No Japão, o destaque será o dado de gastos domésticos, que deve fornecer uma leitura mais clara sobre o ritmo de consumo das famílias.
Nossos resultados acumulados (de 31 de outubro de 2023 até 28 de maio de 2025) continuam a ganhar tração, mesmo diante das incertezas que ainda permeiam o ambiente doméstico e internacional. Todas as carteiras recomendadas mantiveram a rentabilidade acima do CDI no mês, com volatilidade controlada - adequada ao cenário macroeconômico atual. Destaques de maio para os perfis arrojado e agressivo, que capturaram o maior apetite a risco local, na esteira do recorde histórico do Ibovespa.
No universo da renda fixa (Gráfico – Comportamento dos Juros), observamos até o dia 29 a continuidade do processo de redução dos juros futuros, com maior intensidade nos vértices mais curtos da curva. O principal catalisador desse movimento foi o IPCA-15, que apontou para um arrefecimento da inflação, gerando maior otimismo entre os agentes econômicos quanto à trajetória da política monetária no Brasil. Em paralelo, a Resolução nº 5.215, anunciada recentemente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), introduziu mudanças regulatórias relevantes que podem impactar o mercado de renda fixa nas próximas semanas. Entre os principais pontos, destacamos: (i) a restrição à emissão de CRIs e CRAs por empresas de capital fechado fora dos setores imobiliário e do agronegócio; e (ii) a redução do prazo de carência de LCIs e LCAs para seis meses. Não esperamos efeitos significativos nos fundos de crédito privado das nossas carteiras recomendadas. Isso porque o nosso Bloco Proteção, formado pelos fundos ARX Denali, AZ Quest Valore e Mapfre Confianza, possui baixíssima exposição a certificados de recebíveis. Dessa forma, mesmo diante da redução na oferta desses ativos, eventuais efeitos nos preços não devem ser absorvidos de forma significativa. Ainda assim, seguimos atentos a ajustes de mercado e oportunidades decorrentes desse novo contexto regulatório. Por fim, para os investidores que buscam produtos isentos de I.R com prazo de vencimento mais curto, nossa prateleira segue atualizada com LCIs e LCAs do Banco Sofisa e de outras instituições financeiras, já refletindo as novas regras.
Na renda variável (Gráfico – Evolução do Ibovespa), o fundo AZ Quest Top Long Biased segue se destacando na esteira do maior apetite a risco no mercado doméstico. Enquanto o Ibovespa apresentou retorno de 2,83% e o CDI acumulou 1,03% até o dia 28, o fundo recomendado segue demonstrando a habilidade da gestão em gerar valor, com retorno de 5,43% no mesmo período. Apesar da boa performance, para junho optamos por manter o peso inalterado dentro do portfólio, ainda aguardando sinais de melhoria estrutural no âmbito doméstico para uma exposição de maior convicção.