Mercado financeiro em foco: Ibovespa em alta e Copom cauteloso
por: Sofisa Direto
Análises Financeiras
Publicado em: mai 19, 2025
Atualizado em: mai 20, 2025
ASSINE NOSSA NEWSLETTER
Confira o resultado do cenário econômico nacional e internacional de 12 a 18 de maio, além da expectativa para a semana atual, por Roberto "Bob" Carline, estrategista-chefe do Banco Sofisa. Boa leitura!
SEMANA DE 19/05/2025
Ambiente Local
No Brasil, a semana foi marcada por forte valorização dos ativos locais. Entre os principais catalisadores desse movimento, destacamos: (i) a ata do Copom, que sinalizou uma possível interrupção no ciclo de alta da Selic — ainda que tenha deixado a porta aberta para novos ajustes; (ii) os indicadores econômicos de atividade, como o crescimento do setor de serviços e as vendas no varejo que já apontam sinais de desaceleração; (iii) a trégua tarifária entre Estados Unidos e China, que favoreceu os ativos de risco.
Em Pequim, o Presidente Lula anunciou R$ 27 bilhões em investimentos da China no Brasil, Mesmo com a pausa nas tarifas comerciais, entendemos que as incertezas globais seguem elevadas, o que reforça a importância dos laços comerciais com o gigante asiático.
A temporada de balanços corporativos também ganhou destaque ao longo da semana, com resultados positivos entre os bancos privados e Petrobras. Diante desse contexto mais construtivo, o Ibovespa superou sua máxima histórica, refletindo a melhora do sentimento de mercado e o maior apetite ao risco global.
A percepção de risco medida pelo CDS5Y Brazil melhorou para 164 pts. O Ibovespa, em alta, atinge 138.999 pts. Dólar, estável, encerrando a semana aos R$5,66. Os prêmios para LTN 2028 e NTN-B 2040 em leve alta, atingindo respectivamente 13,64% a.a e IPCA+7,04% a.a. Temos até o dia 14 de maio:
Legenda: Rentabilidade Acumulada por Perfil: Simulação até Maio/2025
Ambiente Internacional
A principal notícia da semana foi o acordo entre EUA e China para a redução temporária das tarifas de importação. Os EUA reduziram suas tarifas de 145% para 30%, enquanto a China reduziu de 125% para 10%.
O movimento ampliou o apetite por risco global, especialmente após os indicadores de inflação ao consumidor e vendas no varejo nos EUA surpreenderem positivamente, reacendendo as expectativas de cortes de juros em 2025.
Outro destaque relevante foi a visita do Presidente americano ao Oriente Médio, que resultou em um acordo de US$ 600 bilhões com a Arábia Saudita.
O objetivo é posicionar o país como um polo global de transformação digital. Na esteira do anúncio, a empresa de tecnologia Nvidia confirmou o fornecimento de equipamentos para um novo datacenter árabe, impulsionando as ações de tecnologia e ajudando a bolsa americana a zerar as perdas acumuladas no ano.
Apesar do otimismo no curto prazo, mantemos uma postura cautelosa diante das incertezas que ainda cercam a trajetória econômica dos EUA, especialmente em relação aos acordos comerciais e seus potenciais impactos sobre o crescimento global.
Na Europa, os dados de produção industrial e PIB do Reino Unido e da Zona do Euro não trouxeram grandes novidades. Já na Ásia, o Japão surpreendeu negativamente com o resultados do PIB, consideravelmente aquém das expectativas.
Dessa forma, o BoJ tende a adotar uma postura cautelosa na condução da política monetária, buscando equilíbrio entre inflação e crescimento.
O Índice S&P 500 sobe (+5,27%) aos 5.958pts, o VIX (Índice do medo) recua
(-21,32%) para 17,23 pts. Já o Euro Stoxx 50 (+2,22%) e FTSE 100 (+1,52%). Índice DXY pts, com avanço de (+0,72%) para 101,11. Petróleo (WTI) em alta (+1,85%) aos US$ 61.82/barril.
O QUE OBSERVAR NA PRÓXIMA SEMANA?
Ambiente local
No Brasil, o mercado segue buscando ajustar o patamar de preços aos riscos mapeados. Nesse contexto, a leitura dos indicadores econômicos continua sendo essencial para uma compreensão mais clara do cenário.
Neste final de mês, os destaques da agenda são a prévia do PIB, medida pelo IBC-Br, os dados da receita tributária federal e o Índice de Confiança do Consumidor (FGV), que vem apresentando níveis de pessimismo nas últimas leituras, especialmente entre as famílias de menor renda. Por ser um indicador antecedente relevante, tende a continuar sendo amplamente monitorado pelos agentes econômicos.
Após uma semana de "recesso branco", com agenda esvaziada em Brasília, os avanços na pauta fiscal continuam em segundo plano, ao passo que cresce no Congresso a pressão pela instalação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar fraudes no INSS.
Seguiremos atentos aos potenciais impactos dessa movimentação sobre as contas públicas, sobretudo diante da possibilidade de abertura de um crédito extraordinário — mecanismo que permite gastos fora do orçamento aprovado pelo Congresso — para a devolução dos valores desviados. Esse recurso foi utilizado pela última vez em 2024, no contexto da tragédia no Rio Grande do Sul, quando o Executivo liberou R$ 40,9 bilhões.
Por fim, seguimos acreditando que o Brasil permanece inserido em um ambiente relativamente favorável, ainda que riscos importantes sigam no radar — o que, por outro lado, também abre espaço para oportunidades. Nossas carteiras recomendadas continuam preparadas para atravessar esse cenário, mantendo o equilíbrio entre risco e retorno.
Ambiente Internacional
Após uma semana intensa e marcada por um maior apetite ao risco global, impulsionado pela pausa nas tarifas de importação entre China e EUA, os agentes econômicos agora buscam reajustar suas expectativas a um novo patamar de preços.
Nos EUA, após um início de trimestre conturbado pelas discussões comerciais impostas por Trump, as atenções permanecem voltadas para os indicadores que refletem a atividade econômica e para as projeções de cortes de juros em 2025. Para a semana que se inicia, a agenda contempla os dados de vendas de casas novas e usadas, além dos números de pedidos de seguro-desemprego.
Contudo, os holofotes seguem direcionados às negociações comerciais com outros países. Nesse contexto, a volatilidade estruturalmente elevada tende a se manter nos mercados, abrindo espaço para oportunidades.
Na Zona do Euro, o foco estará nos dados de inflação ao consumidor e no PIB da Alemanha. Entendemos que o bloco europeu continua sendo uma das principais incógnitas para os agentes econômicos, tanto no que diz respeito à construção de um eventual acordo comercial com os EUA, quanto à sua recuperação econômica.
Os desafios internos relacionados à produtividade seguem presentes, bem como a expectativa por estímulos fiscais e monetários adicionais. No Reino Unido, a agenda inclui o índice de preços ao consumidor (CPI) e o núcleo das vendas no varejo.
Na Ásia, destaque para os dados de atividade econômica chinesa, incluindo produção industrial e vendas no varejo. As negociações comerciais com outros países também seguem no radar. No Japão, a agenda inclui os números da balança comercial, PMI serviços e núcleo da inflação ao consumidor.
SIMULAÇÃO DE RETORNOS
Legenda: Simulação de Retorno e Risco por Perfil de Investimento até Maio/2025.
Nossos resultados acumulados (de 31 de outubro de 2023 até 14 de maio de 2025) apresentaram boa rentabilidade e recuperação na semana. O mercado brasileiro segue se destacando, mesmo diante dos desafios estruturais domésticos. Com isso, as carteiras recomendadas seguem em trajetória ascendente, acumulando, até o dia 14, retornos consideravelmente superiores ao CDI. Destaque para os perfis arrojado e agressivo, com 146% e 174%, respectivamente.
Legenda: Impacto das Decisões do COPOM nos Juros Futuros e no Ibovespa.
No universo da renda fixa (Gráfico – Comportamento dos Juros), observamos estabilidade, com leve alta no patamar de juros futuros, apesar da melhora das expectativas no Boletim Focus e do tom da ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
O Banco Central reforçou as preocupações com a inflação no horizonte relevante, a resiliência da atividade econômica e os desafios fiscais, ao mesmo tempo que reconheceu o impacto contracionista já exercido pela política monetária vigente.
Dessa forma, o colegiado deixou o caminho aberto tanto para uma nova alta quanto para uma pausa na reunião de junho. Até o momento, as opções monitoradas pela B3 indicam maior probabilidade para um “skip” ou manutenção da Selic no patamar atual, com 55% de chance.
Entendemos que o espaço para novas reduções no atual patamar de juros embutido nas curvas está cada vez mais estreito, sendo que uma melhora mais contundente nas expectativas dependerá de avanços estruturais, sobretudo no campo fiscal.
Nesse cenário, avaliamos que os títulos do Tesouro Direto – especialmente prefixados e atrelados ao IPCA – continuam atrativos. Além disso, reforçamos o destaque para produtos isentos de imposto de renda, como LCIs e LCAs disponíveis em nossa prateleira.
Dentro da nossa recomendação a partir do perfil moderado, o fundo multimercado Vinci Atlas manteve bom desempenho. A gestão tem se beneficiado da atuação ativa diante das oportunidades decorrentes da guerra tarifária, com foco em países emergentes.
Até o dia 14, o fundo acumula retorno de 0,51% contra 0,48% do CDI, com volatilidade controlada e dentro dos parâmetros esperados – mesmo diante dos recentes ruídos macroeconômicos. A performance consistente reforça o papel estratégico do fundo dentro dos perfis mais dinâmicos.
Nossa leitura de cenário tem se mostrado assertiva e a relação risco/retorno dos portfólios recomendados segue sendo refletida positivamente na performance acumulada.
Comentários