Carta Mensal Agosto/25: riscos globais e estratégias de investimento
por: Sofisa Direto
Análises Financeiras
Publicado em: ago 18, 2025
Atualizado em: ago 18, 2025
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Bem-vindo à carta mensal de Agosto 2025
Retrospectiva
Novamente não temos surpresas por parte dos bancos centrais, mas pressões tarifárias norte-americanas movimentam mercados
A leve redução na percepção de risco, representada tanto pelo VIX (global) como pelo CDS5Y Brazil (Brasil), não reflete bem a alta incerteza e reposicionamento dos mercados ao longo do último mês. A pressão por acordos e tarifas comerciais imposta pelos EUA gerou novas dúvidas sobre a evolução da economia ao redor do mundo.
Ainda que as expectativas da inflação tenham acalmado, os indicadores continuam em patamares superiores – hoje e em perspectiva – aos objetivos dos bancos centrais. A leve apreciação do Dólar (DXY) frente a outras moedas em julho demonstra um movimento de ajuste tático e com suporte em taxas de juros, que voltaram a patamares históricos (5,00% a.a. para os títulos norte-americanos com vencimento em 30 anos), ficando evidente a pressão por novas depreciações da moeda dos EUA com o aumento esperado para o déficit fiscal – e também comercial.
A sinalização, internacionalmente considerada sem fundamentação econômica correta, para impor alíquotas comerciais de 50% sobre o Brasil e não abrir canais de negociação com nosso país tiveram principal reflexo no mercado de renda variável brasileiro. A somatória de um resultado muito robusto nos primeiros sete meses deste ano para o Ibovespa (+24,25% em Dólar) e a baixa visibilidade do impacto econômico e financeiro nas empresas, caso tarifas à exportação para os EUA atinjam 50%, provocaram um movimento natural de realização de lucros. Ainda no Brasil, vimos a reorganização do orçamento da União com a liberação para uso de aproximadamente R$ 21 bilhões depois da divulgação do último relatório de receitas e despesas e uma maior dificuldade no alinhamento de alguns temas (expansão do legislativo e aumento do IOF, por exemplo) entre Executivo e Legislativo.
Por fim, vale destacar o aumento das preocupações relacionadas aos sinais amarelos dados pelo crescimento dos níveis de inadimplência e atraso de crédito, o que tem gerado movimentos não favoráveis para algumas parcelas da renda fixa de crédito privado.
As dificuldades de entendimento do ambiente de curto prazo geraram impactos não favoráveis sobre estratégias associadas aos setores afetados pelo contexto das tarifas (até 31 de julho de 2025):
Tabela 01: Rentabilidade Mensal e Acumulada por Perfil – Agosto/2025
Gráfico 01: Comportamento dos Juros e Ibovespa – Agosto/2025
Ambiente econômico: Brasil
Agenda dominante, com negociação de tarifas e volta do Congresso, tende a gerar oscilações no mercado
Entramos em um mês bastante sensível para os próximos passos da economia brasileira.
Com os riscos de inflação gerenciados, o entendimento dos pontos de fragilidade em nossas contas públicas e a visibilidade da trajetória de juros dada pelo Banco Central, a tendência seria de semanas saudáveis à frente; contudo, as incertezas comerciais relacionadas ao novo posicionamento tarifário indicado pelos EUA sobre o Brasil se apresentam como um elemento fundamental de indefinição.
Ainda que tenhamos antecipado em dezembro do ano passado um importante movimento global de reorganização geopolítica, os impactos sobre os setores e economias nacionais – e mesmo em relação aos blocos econômicos – começa a ganhar forma e algum entendimento. Caso não seja atingido um ponto de equilíbrio na negociação entre esses dois países, ambos ambientes econômicos tendem a sofrer impactos de curtos prazo (inflação nos EUA e redução na atividade econômica no Brasil, concentrada em algumas cadeias setoriais para ambos). Além disso, temos o processo de debates relacionados ao andamento da Lei de Diretrizes
Orçamentárias, que também tende a ser um elemento de incerteza, dado que parte dos agentes econômicos antevê dificuldades para que o orçamento de 2026 permita espaço relevante para despesas não obrigatórias e relacionadas aos custos essenciais do país.
Nesse contexto, ainda que de incertezas, vemos oportunidades de investimentos em níveis históricos. Contudo, o autoconhecimento e a aderência ao perfil será fundamental aos investidores.
Gráfico 02: Projeção da Taxa Selic – Atualização de Agosto2025
Ambiente econômico: Internacional
Equilíbrio fluido: uma maneira elegante de dizer que dúvidas permanecem e que cautela continua necessária
Ainda que alguns sinais positivos tenham sido emitidos no ambiente das negociações tarifárias, as incertezas se mantêm e geram dificuldades para estimar com maior precisão o ambiente que teremos pela frente. Seja pela dilatação do prazo por mais 90 dias nas negociações com a China, pela dificuldade de alinhamento entre os países da União Europeia no que se refere ao acordo tarifário sinalizado junto aos EUA ou mesmo a falta de visão prática de como se dará a implementação das novas taxas e de acordos de investimentos eventualmente negociados são poucas as certezas que os agentes econômicos têm neste momento.
A visão estrutural que temos está mantida, ou seja, os elementos associados ao Arcabouço MAGA – Make America Great Again se apresentam mais como ofensores em potencial do que alavancas para o desenvolvimento dos EUA. Desta forma, não nos parece adequado considerar a queda dos juros norte-americanos e a valorização do Dólar como possibilidades relevantes. Dentro dessa mesma visão estrutural, acreditamos que os resultados apresentados por nossa sugestão de estratégia global de renda variável, com retornos acima do CDI e do Dólar desde o início de sua identificação e acompanhamento, continuarão tendo China e Ásia como as maiores contribuições para geração de resultados; da mesma forma, setores como os não tradicionais (inovação, economia verde, saúde, biotecnologia e tecnologia, por exemplo) tendem a continuar superando, ainda que com riscos maiores, a performance apresentada e esperada por segmentos tidos como tradicionais.
Em um mundo em transformação, a cautela permanece.
Gráfico 03: Expectativas de Juros pelo FED – Agosto/2025
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL CONSERVADOR
A carteira recomendada para o perfil conservador é composta por diferentes produtos e estratégias de Renda Fixa, como ilustrado abaixo.
Gráficos 04: Composição da Carteira e Volatilidade de Perfil Conservador – Agosto2025
Confira o resultado simulado da carteira recomendada conservadora desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado retorno acumulado de forma consistente ao longo do período.
Gráficos 05: Composição dos resultados da carteira conservadora em agosto, detalhando a participação dos ativos que impulsionaram o desempenho do portfólio
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL MODERADO
A carteira recomendada para o perfil moderado é composta por diferentes produtos e estratégias de Renda Fixa e Multimercado, como ilustrado abaixo.
Gráficos 06: Composição da carteira do perfil moderado em junho de 2025, destacando a distribuição entre classes de ativos e a volatilidade estimada
Confira o resultado simulado da carteira recomendada moderada desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado retorno superior ao IHFA – sua referência por incorporar risco no mercado.
Gráficos 07: Composição dos Resultados da Carteira Moderada — Agosto
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL ARROJADO
Agregando estratégia de Bolsa de Valores, a carteira recomendada para o perfil arrojado também é composta por estratégias de Renda Fixa e Multimercado, como ilustrado abaixo.
Gráficos 08: Composição da carteira arrojada em agosto, destacando a distribuição de ativos e a volatilidade associada a esse perfil de investimento
Confira o resultado simulado da carteira recomendada arrojada desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado retorno superior ao IHFA – sua referência por incorporar risco no mercado.
Gráficos 09: Composição dos resultados da carteira arrojada em agosto, destacando a contribuição dos diferentes ativos para a performance do portfólio de maior risco
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL AGRESSIVO
A carteira recomendada para o perfil agressivo é composta pela combinação de estratégias de Renda Fixa, Multimercado e Bolsa de Valores, assumindo mais risco que o perfil arrojado, como ilustrado abaixo.
Gráficos 10: Composição da carteira agressiva em agosto, mostrando a distribuição de ativos financeiros e a volatilidade associada ao perfil de maior risco
Confira o resultado simulado da carteira recomendada agressiva desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado retorno superior ao IHFA – sua referência por incorporar risco no mercado.
Gráficos 11: Composição dos resultados da carteira agressiva em agosto, destacando como cada classe de ativo contribuiu para a performance de um portfólio de alto risco
PENSANDO SOBRE INVESTIMENTOS
Renda Fixa: Ambiente mais desafiador ainda oferece oportunidades históricas
A firme condução por parte de nosso Banco Central sobre a política de juros brasileira associada a um ambiente de crédito mais restritivo, no qual temos vivido um menor apetite para a emissão de títulos ligados ao crédito bancário – com crescimento mensal de 0,8% em 2024 frente a 0,6% nos sete meses deste ano –, nos levam a um mercado de renda fixa mais complexo e com oportunidades menos claras. No momento, a classe dominante por meio dos diversos instrumentos disponíveis.
Contudo, as oportunidades permanecem disponíveis e em patamares históricos. Seja por meio dos títulos indexados à inflação medida pelo IPCA, como por meio dos prefixados, as possibilidades estão presentes e cabe ao investidor avaliar três dimensões além do seu próprio perfil: necessidade ou não de liquidez, apetite por risco de crédito e risco de reinvestimento (pouco debatido, mas importante, pois não há como assegurar que as taxas de renovação serão maiores na data de investimento dos títulos).
Multimercados: O desafio de equilibrar as oportunidades com os resultados
Longe de um ambiente óbvio, os multimercados continuam a difícil jornada que busca devolver consistência de retornos a essas estratégias de investimentos flexíveis. A própria necessidade de gestão de risco tem levado a posições com menor contribuição no resultado das estratégias multimercado, mas isso não significa que não há espaço para contribuir com o rendimento.
Desta forma, fortalecemos a importância de avaliar o papel das estratégias que compõe os fundos, assim como o papel do fundo na estratégia de investimentos como um todo. Também não podemos perder de perspectiva dois aspectos:
- Os multimercados não são estratégias para prazos curtos, pois demandam tempo para atingir seus objetivos de retorno.
- Por serem cíclicos, tanto o movimento de aplicação como o de resgate não deveriam tomar como base o momento, e sim a tendência, e sempre de modo muito refletido frente ao potencial de retorno.
Renda Variável: Apesar de um mês de resultado negativo, as perspectivas são positivas
A correção técnica que sinalizamos em junho aconteceu e isso abriu novas oportunidades em um mercado, representado pelo Ibovespa, que se valorizou 10,63% em Reais (ou 24,25% em Dólar) nos primeiros sete meses de 2025.
Apesar do aumento das incertezas, continuamos acreditando que o fluxo de capital externo e a qualidade das empresas brasileiras, assim como expectativas harmonizadas sobre nosso país, levem a novas valorizações. Contudo, o risco sobre a previsibilidade do fluxo de caixa das empresas aumentou, e isso pode alimentar oscilações mais frequentes e trajetória de valorização menos acentuada em relação ao que ocorreu no primeiro semestre deste ano.
Destaque também para o potencial de retorno, com liquidez, por meio de Fundos Imobiliários, ETFs e BDRs que estão disponíveis por meio da Genial Investimentos, nossa Corretora parceira.
Classe de ativos
O quadro abaixo mostra a performance dos principais indicadores do mercado nos últimos anos, sendo o IMA-B, S&P 500 e IRF-M os que tiveram os melhores resultados acumulados nos últimos 11 anos. Essa oscilação reforça a importância de uma exposição em diversos tipos de ativos como forma de proteger e potencializar os resultados ao longo do tempo, uma vez que as classes de ativo se revezam nas primeiras posições ano após ano.
Tabela 06: Classes de ativos em agosto, destacando a alocação por categoria e a participação percentual de cada tipo de investimento no portfólio
Obs: A valorização do S&P500 esta apresentada em dólar (US$), logo deve ser adicionada a valorização do dólar (US$) no período para converter para real (R$) - visão do investidor brasileiro.
1º lugar | 2º lugar | 3º lugar |
- IMA-B: índice que reflete a oscilação de uma cesta de títulos atrelados ao IPCA, ou seja, que oscilam de acordo com a inflação mais um componente prefixado.
- IRF-M: indicador que mede a variação do mercado de renda fixa prefixada.
- IHFA: referência para os multimercados, é calculado pela ANBIMA e reúne os fundos mais representativo dessa classe.
- Ibovespa: o mais conhecido índice de bolsa de valores do Brasil demonstra a variação diária do preço das ações que correspondem a cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do nosso mercado de capitais, sua composição é reavaliada trimestralmente.
- S&P 500: tradicional índice de bolsa de valores que apresenta a evolução do preço das ações das 500 maiores empresas por valor de mercado dos Estados Unidos.
- CDI: seu nome completo é Certificado de Depósito Interbancário e é uma taxa diária, normalmente expressa em termos anuais, diretamente associada à Selic (taxa básica da economia brasileira, avaliada pelo Banco Central a cada 45 dias) e que serve como uma das referências para o mercado de renda fixa.
- USD: dólar norte-americano, em taxa dada pelo Banco Central do Brasil.
Roberto "Bob" Carline
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