Carta Mensal JULHO/25: Estratégias com a Selic em Alta e Oportunidades
por: Sofisa Direto
Análises Financeiras
Publicado em: jul 16, 2025
Atualizado em: jul 16, 2025
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Retrospectiva
Apesar dos ataques entre Israel e Irã, bancos centrais e mercados não surpreenderam, e resultados seguem em consolidação
Conforme temos destacado, o período em que vivemos apresenta oportunidades ajustadas ao risco e, apesar da continuidade das incertezas, estamos capturando resultados relevantes — especialmente no mercado de renda variável.
A ação dos bancos centrais, como a elevação da Selic de 14,75% a.a. para 15,00% a.a. e a manutenção da taxa de juros dos EUA pelo Fed em 4,50% a.a., além do apresentado por parte do ECB-Banco Central Europeu, BoJ-Banco do Japão, e BoE-Banco da Inglaterra, mostrou-se adequada no contexto presente e nas perspectivas que temos para os próximos meses. Com exceção do Brasil, que apresentou leve melhora, a percepção de risco global não sofreu impactos importantes na trajetória nos últimos 12 meses, com indicadores importantes tais como o preço do ouro e o índice VIX (ou “índice do medo”) refletindo um movimento gradual de aversão ao risco.
A troca de fogo entre Israel e Irã, assim como a continuidade do conflito na Faixa de Gaza, não deixou impacto duradouro no ambiente econômico global em que a reorganização geopolítica se confirmou semana após semana.
Em nosso país, tivemos uma melhora nos indicadores da inflação, porém ainda há uma importante distância em relação ao teto da meta estabelecida pelo CMN; os níveis de renda, emprego e atividade econômica permanecem robustos ao mesmo tempo que, tanto no Brasil como por meio de organismos multilaterais e no Banco Mundial, se torna mais recorrente e necessária a implementação de medidas estruturais que fortaleçam nossa economia (ex.: reforma administrativa e previdenciária). No ambiente internacional, destacamos a confirmação do bom posicionamento de China, Japão e países como Índia, entre outros nesse processo de enfraquecimento relativo dos EUA, cuja moeda perdeu -11,87 frente ao Real e -11,12% em relação à cesta de moedas DXY neste 1º semestre, sendo que o país com maior PIB do mundo continua apresentando perspectivas de inflação (PCE) distante da meta e se afastando dessa em perspectiva, assim como dificuldades para alinhavar a mudança tarifária proposta pelo “Arcabouço MAGA” e lidar com seu déficit fiscal.
Nova melhora na percepção de risco local e ausência de surpresas continuou alimentando ganhos, e estratégias propostas continuam com perspectivas atrativas (até 30 de junho de 2025):
Tabela 01: Rentabilidade por perfil de investidor em junho de 2025: conservador, moderado, arrojado e agressivo (% e CDI).
Gráfico 01: Gráfico mostra variação percentual de investimentos por perfil, Sofisa LD, CDI, IHFA e Ibovespa em três períodos distintos.
Ambiente econômico: Brasil
Alta convicção da manutenção da Selic em 15,00% a.a. e recesso de meio de ano podem não assegurar monotonia
A combinação da ata da última reunião do COPOM associada às perspectivas de economia robusta junto à pressão que a alta da energia elétrica pode produzir sobre a inflação medida pelo IPCA devem confirmar que Banco Central anunciará a manutenção da Selic em 15,00% a.a. Dentro desse ambiente, e em linha com o que o próprio Banco Central aponta, não devemos nos surpreender com algum movimento adicional de queda nas taxas de juros praticadas pelo mercado financeiro e uma gradual redução no volume de novas emissões bancárias.
Apesar do recesso parlamentar de meio de ano, previsto para 18 a 31 deste mês, temos a expectativa de que debates envolvendo orçamento, contas públicas, tributação e necessidade de reformas estruturais tendem a permanecer em pauta e, junto com eventos do ambiente internacional, gerar impacto nos mercados de renda fixa prefixada e vinculada ao IPCA assim como no de renda variável — até porque esses três referenciais apresentaram valorizações importantes ao longo do 1º semestre do ano e correções técnicas já se mostram necessárias e saudáveis.
Também merece destaque, porém não contido ao mês de julho deste ano e sim sob uma perspectiva estratégica, a expectativa de que a B3, que registrou uma entrada líquida de investimentos estrangeiros de aproximadamente US$ 4,8 bilhões este ano até o final de junho, continue recebendo recursos de investidores internacionais. Isso aponta para dois impactos em potencial: redução de eventuais pressões de desvalorização do Real frente ao Dólar e fluxo de recursos para manter as perspectivas de valorização de Bolsa de Valores e leve compressão de juros.
Gráfico 02: Evolução da taxa Selic entre dezembro de 2022 e junho de 2025, com movimento de queda até meados de 2024 e alta consistente até 15%.
Ambiente econômico: Internacional
Política fiscal e tarifária dos EUA tende a “roubar a cena” dos bancos centrais dos países desenvolvidos
Em mais uma rodada de decisões dos Bancos Centrais, ECB-Banco Central Europeu, BoJ-Banco do Japão e Fed (EUA) divulgam suas definições relativas às respectivas taxas de juros básicas nos últimos dias deste mês. As expectativas dos agentes econômicos para as decisões são serenas e apontam para manutenção em 2,15% a.a. pelo ECB; alguma incerteza entre continuidade em 0,50% a.a. (o mais provável em nosso entendimento) e alta para 0,75% a.a. pelo BoJ e, ainda que existam algumas pressões no sentido de exigir níveis mais baixos, o Fed deve manter em 4,25% a.a. - 4,50% a.a. suas taxas.
Contudo essas decisões tendem a provocar menos debates e movimentos de mercado do que a evolução da política fiscal e tarifária nos EUA. A muito provável aprovação da BBB – Big Beautiful Bill, conjunto de medidas sobre arrecadação de impostos e incentivos fiscais, é vista com muita preocupação pelos agentes financeiros, uma vez que seu potencial de piorar o agudo déficit fiscal norte-americano é grande e pode ter impactos relevante no mercado de renda fixa — e Bolsa de Valores — dos EUA; assim como as incertezas sobre os níveis de tarifas comerciais que serão praticadas nas relações com outros países geram dúvidas importantes sobre inflação, crescimento e valor do Dólar (que tende a continuar), e podem causar oscilações no mercado.
Reforçamos que, apesar das incertezas, as oportunidades são mais prováveis fora da economia estadunidense e em moeda diferente do Dólar norte-americano. Um elemento que não deve ser perdido de perspectiva: a volatilidade tende a permanecer elevada nos mercados globais.
Gráfico 03: Faixa dos Fed Funds (banda superior e inferior) entre dezembro de 2022 e junho de 2025, com estabilidade em 2024 e leve queda em 2025.
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL CONSERVADOR
A carteira recomendada para o perfil conservador é composta por diferentes produtos e estratégias de Renda Fixa, como ilustrado abaixo.
Gráficos 04: Carteira recomendada para julho de 2025 com foco em renda fixa, distribuída entre CDB IPCA, CDI e prefixado, com liquidez diversificada e meta de 112% do CDI.
Confira o resultado simulado da carteira recomendada conservadora desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado retorno acumulado de forma consistente ao longo do período.
Gráficos 05: Carteira recomendada de junho/2025 alcança 108% do CDI no mês e acumula 110% em 12 meses, com volatilidade controlada de 0,2%.
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL MODERADO
A carteira recomendada para o perfil moderado é composta pela combinação de estratégias de Renda Fixa e Multimercado, como ilustrado abaixo.
Gráficos 06: Carteira recomendada de julho/2025 alcança 115% do CDI com diversificação em renda fixa e multimercados, e volatilidade de 1,2%.
Confira o resultado simulado da carteira recomendada moderada desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado resultado superior ao IHFA – sua referência por incorporar risco de mercado.
Gráficos 07: Carteira recomendada de junho/2025 com 91% do CDI acumulado e volatilidade controlada em 1,0%, com exposição a CDI, inflação e multimercados.
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL ARROJADO
Agregando estratégia de Bolsa de Valores, a carteira recomendada para o perfil arrojado também é composta por estratégias de Renda Fixa e Multimercado, como ilustrado abaixo.
Gráficos 08: Carteira recomendada em julho/2025 com 120% do CDI e 1,9% de volatilidade, composta por renda fixa, multimercados e exposição ao Ibovespa.
Confira o resultado simulado da carteira recomendada arrojada desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado resultado superior ao IHFA – sua referência por incorporar risco de mercado.
Gráficos 09: Carteira recomendada arrojada em junho/2025 teve 113% do CDI no mês e 94% acumulado. Volatilidade de 1,8% em 12 meses.
CARTEIRA RECOMENDADA: PERFIL AGRESSIVO
A carteira recomendada para o perfil agressivo é composta pela combinação de estratégias de Renda Fixa, Multimercado e Bolsa de Valores, assumindo mais risco que o perfil arrojado, como ilustrado abaixo.
Gráficos 10: Com 125% do CDI e 2,6% de volatilidade, carteira recomendada agressiva em julho/2025 foca em ativos como inflação, prefixados e Ibovespa.
Confira o resultado simulado da carteira recomendada agressiva desde seu início.
O gráfico ao lado apresenta o resultado da carteira recomendada ao longo do tempo, desde o dia 31 de outubro de 2023. Nele, é possível observar que a estratégia teria apresentado resultado superior ao IHFA – sua referência por incorporar risco de mercado.
Gráficos 11: Carteira recomendada de maio/2025 atinge 138% do CDI no mês, com volatilidade estável em 2,3% nos últimos 12 meses.
PENSANDO SOBRE INVESTIMENTOS
Clareza sobre trajetória da Selic ainda permite a captura de oportunidades
Depois de visões de mercado divididas em relação à decisão do COPOM, realizado em junho, temos a convicção de que a Selic será mantida em 15,00% a.a. por um período longo; assim, não temos a expectativa de cortes no juro básico do Brasil em 2025 e a probabilidade de outra elevação este ano nos parece bastante baixa, uma vez que o próprio Banco Central considera o atual patamar como restritivo e há expectativa real de pressão sobre a inflação medida pelo IPCA com o reajuste da energia elétrica.
Paralelo a isso, e depois de quatro meses de busca por um nível de equilíbrio abaixo dos níveis de taxas praticadas ao final de 2024, há pouco espaço para ganhos adicionais. Contudo, o patamar atual de taxas prefixadas e aquelas atreladas a inflação (IPCA+) permanecem atrativos em termos históricos, podendo ser obtidos por diversos tipos de instrumentos de renda fixa diferentes, tanto com liquidez como sem liquidez – dependendo do perfil e objetivo.
O desafio de equilibrar as oportunidades com os resultados
Longe de um ambiente óbvio, os multimercados continuam a difícil jornada que busca devolver consistência de retornos a essas estratégias de investimentos flexíveis. A própria necessidade de gestão de risco tem levado a posições com menor contribuição no resultado das estratégias multimercado, mas isso não significa que não há espaço para melhorar os ganhos.
Desta forma, fortalecemos a importância de avaliar o papel das estratégias que compõe os fundos, assim como a função dos fundos nas estratégias de investimentos como um todo. Também não podemos perder de perspectiva dois aspectos:
- Os multimercados não são para prazos curtos, pois demandam tempo para atingir seus objetivos de retorno.
- Por serem cíclicos, tanto a decisão de aplicação como de resgate são escolhas que não deveriam tomar como base o momento, e sim a tendência, e sempre de modo muito refletido frente ao potencial de retorno.
Visão inalterada para Bolsa: riscos de curto prazo e perspectivas positivas permanecem vivos
Com 15,5% de valorização no 1º semestre deste ano, o Ibovespa se destaca entre as alternativas de investimentos em 2025. Esse movimento de valorização também está sendo capturado por nossa estratégia, que desde o início da recomendação (31 de outubro de 2023) até o final de junho acumulou alta de 40,65% frente a 22,73% no Ibovespa em igual período.
Permanecemos com uma visão favorável para as estratégias de renda variável, ainda que a possibilidade de uma correção técnica cresça no curto prazo e as oscilações do dia a dia seja fontes potenciais de resultados negativos. Acreditamos que fluxo de capital externo e a qualidade das empresas brasileiras, assim como expectativas harmonizadas sobre nosso país, levem a novas valorizações.
Destaque também para o potencial de retorno com liquidez, por meio de Fundos Imobiliários, ETFs e BDRs que estão disponíveis por meio da Genial Investimentos, nossa Corretora parceira.
Classe de ativos
O quadro abaixo mostra a performance dos principais indicadores do mercado nos últimos anos, sendo o IMA-B, S&P 500 e IRF-M os que tiveram os melhores resultados acumulados nos últimos 11 anos. Essa oscilação reforça a importância de uma exposição em diversos tipos de ativos como forma de proteger e potencializar os resultados ao longo do tempo, uma vez que as classes de ativo se revezam nas primeiras posições ano após ano.
Tabela 06: Ranking de rentabilidade anual de ativos financeiros de 2014 até junho de 2025, incluindo IMA-B, IRF-M, IHFA, Ibovespa, S&P 500, CDI e Dólar (USD).
Obs: A valorização do S&P500 esta apresentada em dólar (US$), logo deve ser adicionada a valorização do dólar (US$) no período para converter para real (R$) - visão do investidor brasileiro.
1º lugar | 2º lugar | 3º lugar |
- IMA-B: índice que reflete a oscilação de uma cesta de títulos atrelados ao IPCA, ou seja, que oscilam de acordo com a inflação mais um componente prefixado.
- IRF-M: indicador que mede a variação do mercado de renda fixa prefixada.
- IHFA: referência para os multimercados, é calculado pela ANBIMA e reúne os fundos mais representativo dessa classe.
- Ibovespa: o mais conhecido índice de bolsa de valores do Brasil demonstra a variação diária do preço das ações que correspondem a cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do nosso mercado de capitais, sua composição é reavaliada trimestralmente.
- S&P 500: tradicional índice de bolsa de valores que apresenta a evolução do preço das ações das 500 maiores empresas por valor de mercado dos Estados Unidos.
- CDI: seu nome completo é Certificado de Depósito Interbancário e é uma taxa diária, normalmente expressa em termos anuais, diretamente associada à Selic (taxa básica da economia brasileira, avaliada pelo Banco Central a cada 45 dias) e que serve como uma das referências para o mercado de renda fixa.
Roberto "Bob" Carline
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