Como funcionam as Letras de Câmbio?
por: Claudia Midori
Como investir
8 de Janeiro de 2020
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Quem começa a estudar e pesquisar sobre investimentos inevitavelmente ouve falar nas Letras de Câmbio, uma atraente modalidade de aplicação financeira.
Porém, muitas pessoas acabam perdendo boas oportunidades de aproveitar a sua alta rentabilidade por não entenderem bem como essas letras funcionam. Por exemplo, você sabia que elas não têm nenhuma relação com o câmbio de moedas estrangeiras? Pois é!
Para conhecer melhor esse tipo de aplicação e saber se as Letras de Câmbio são mesmo um bom negócio, continue lendo este artigo!
O que são as Letras de Câmbio e como elas funcionam?
Letras de Câmbio são títulos de crédito emitidos por instituições financeiras a fim de se capitalizar e bancar outras movimentações. Pareceu confuso? Então vamos explicar de maneira mais simples.
O mercado de investimentos funciona como um campo de futebol. O objetivo é levar a bola da defesa para o ataque e marcar um gol, certo? Nessa analogia, a defesa são os investidores, pessoas comuns que possuem algum dinheiro em mãos e gostariam de ver esse montante rendendo — você, por exemplo. O ataque são empresas e empreendedores do mercado que precisam de capital a fim de expandir os seus negócios, comprar novas máquinas e gerar mais riqueza.
Para que o dinheiro (a bola) saia dos investidores (a defesa) e chegue até os empreendedores (o ataque), é preciso que alguém faça o meio de campo. E é aí que entram as instituições financeiras e os bancos.
Essas organizações emitem títulos de crédito com o objetivo de se capitalizar. Eles são vendidos aos investidores, que vão receber uma taxa pela aplicação. Do outro lado do campo, essas instituições emprestam o dinheiro às empresas, que vão pagar uma outra tarifa pelo financiamento.
É provável que você já saiba como funcionam os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) que os bancos emitem. As Letras de Câmbio são títulos de crédito disponibilizados por financeiras para fazer exatamente o mesmo trabalho. Como dá para perceber, o nome não tem nada a ver com o câmbio monetário, mas sim com a ideia de troca de dinheiro vivo por títulos de crédito.
Agora que já sabemos o que são as Letras de Câmbio, vamos conhecer as vantagens de fazer esse negócio. Confira a seguir!
Quais são as vantagens das Letras de Câmbio?
Tarifas prefixadas e pós-fixadas
Uma das vantagens iniciais de investir em Letras de Câmbio é a possibilidade de escolher entre as tarifas de rentabilidade prefixada ou pós-fixada.
Ao adquirir uma Letra de Câmbio prefixada, a porcentagem de rendimento anual desse título já está determinada no momento da compra. Ou seja, você sabe ao certo o quanto vai ganhar com a aplicação.
Imagine investir R$ 15 mil em uma Letra de Câmbio de rendimento prefixado em 10% ao ano. Isso significa que você terá R$ 16.500 brutos no fim do primeiro ano; R$ 18.150 no segundo; e R$ 19.965 no terceiro, independentemente da variação da inflação ou da Taxa Selic.
Já em uma Letra de Câmbio pós-fixada, o rendimento está atrelado a uma porcentagem da taxa de juros CDI. Quanto mais essa taxa subir durante o prazo do investimento, maior será o retorno obtido.
Já se o CDI diminuir, o seu rendimento também será menor.
Rentabilidade alta
As Letras de Câmbio estão entre os títulos de crédito de maior rentabilidade, considerando as opções de Renda Fixa disponíveis no mercado hoje em dia. Na modalidade pós-fixada, algumas financeiras podem oferecer até 125% da taxa de juros CDI.
Isso acontece porque o rendimento leva em conta o perigo e o prestígio da aplicação. Quanto mais arriscada ou desconhecida ela for, maior será o seu rendimento, para incentivar os investidores.
Quando as financeiras emitem Letras de Câmbio, elas estão concorrendo com os títulos emitidos por bancos, que têm mais prestígio e confiabilidade. A fim de atrair os investidores para as suas opções de negócio, elas precisam oferecer uma rentabilidade maior.
Proteção do FGC
O Fundo Garantidor de Créditos é uma instituição formada por todas as financeiras e bancos atuantes do mercado nacional. A sua função é proteger o dinheiro dos pequenos investidores e evitar uma crise bancária sistêmica no país caso algum banco quebre.
Assim, aplicações de até R$ 250 mil (com um teto de R$ 1 milhão em 4 anos) em vários tipos de modalidades são completamente ressarcidas em caso de falência do banco ou da instituição financeira.
A boa notícia é que as Letras de Câmbio estão entre os investimentos protegidos pelo FGC, assim como CDBs, LCIs e LCAs.
Quais são as desvantagens das Letras de Câmbio?
Apesar de todos os benefícios das Letras de Câmbio, existem pequenas desvantagens que podem afastar alguns interessados.
Um dos problemas é que essa modalidade não tem liquidez diária . Portanto, quem precisar recuperar imediatamente o seu montante aplicado tem apenas uma alternativa: tentar vender o seu título no mercado secundário. Mas como as Letras de Câmbio são emitidas em pouca quantidade, fica mais difícil fazer isso.
Em situações de emergência, quando a pessoa precisa liquidar os seus investimentos com agilidade para resolver algum problema, ter uma Letra de Câmbio na sua carteira pode ser um problema por causa desse longo período de carência.
Além disso, elas são tributáveis no Imposto de Renda. As alíquotas do IR variam de forma regressiva em relação ao tempo do vencimento da aplicação. Ou seja: quanto maior for a duração do investimento, menor vai ser a alíquota. No total, são quatro categorias para a cobrança do IR:
- duração de até 6 meses: 22,5% de imposto sobre o lucro;
- duração de 6 meses a 1 ano: 20% de alíquota;
- duração de 1 a 2 anos: 17,5% de imposto;
- duração superior a 2 anos: 15% de alíquota.
Com essa cobrança de impostos, o rendimento mais agressivo das Letras de Câmbio acaba diluído, e essa aplicação pode ser um pouco menos interessante quando comparada com outras modalidades que são isentas de tributos.
Por fim, vale a pena lembrar que as Letras de Câmbio têm um investimento mínimo relativamente alto. Para começar, o indivíduo precisa juntar um montante que costuma variar entre R$ 10 mil e R$ 30 mil, dependendo da instituição escolhida.
Mas, se você gostou das Letras de Câmbio, não precisa desanimar. Existem dois tipos de investimentos que têm as mesmas características boas e são livres das desvantagens! Quer descobrir quais são essas aplicações? Então continue lendo.
Quais são as modalidades de investimentos semelhantes às Letras de Câmbio?
As Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) são modalidades de investimento muito parecidas com as Letras de Câmbio.
Elas são emitidas por bancos e lastreadas em operações de crédito já existentes. Ou seja: os bancos só podem disponibilizá-las se tiverem empréstimos no mesmo valor que sirvam como garantia de pagamento aos investidores, o que torna as LCIs e LCAs muito mais seguras!
Além disso, esses dois tipos de títulos de crédito têm todos os benefícios das Letras de Câmbio: tarifas prefixadas e pós-fixadas, rentabilidade maior do que a Poupança e proteção do FGC em até R$ 250 mil.
Porém, as LCIs e LCAs não apresentam os problemas das Letras de Câmbio. Elas são isentas de Imposto de Renda e são mais atrativas no mercado secundário, com um período de carência bem menor.
Além disso, você pode começar a aplicar nelas a partir de R$ 1, o que faz com que elas sejam muito mais acessíveis para investidores iniciantes.
Quais as diferenças entre LCIs e LCAs?
Apesar de serem investimentos do mesmo tipo, as Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio não são exatamente iguais. Considere essas duas modalidades de aplicações como irmãs gêmeas: elas se parecem bastante, mas são duas "entidades" diferentes.
As Letras de Crédito Imobiliário só podem ser emitidas quando os bancos realizam empréstimos para financiar operações no setor imobiliário, especificamente alienações fiduciárias e hipotecas.
Assim, quando o banco empresta o dinheiro para um cliente, é criado um “crédito” e existe a confiança de que essa quantia será quitada com juros em breve. Nesse momento, a instituição pode emitir LCIs que somem o valor total do empréstimo realizado para oferecer a investidores e se recapitalizar.
É por isso que a oferta de LCIs no mercado é variada: em algumas ocasiões, o banco já atingiu o total de créditos imobiliários disponibilizado e não pode emitir novas letras enquanto não fizer mais empréstimos.
Já as Letras de Crédito do Agronegócio têm um funcionamento bem parecido com as LCIs, mas com uma diferença fundamental: atuam em um setor diferente.
As LCAs podem ser emitidas quando o banco oferece empréstimos para empresas ligadas ao agronegócio. Isso significa que, quando investe nessa modalidade, você está aplicando no crescimento desse setor por meio de operações de crédito.
E que boa escolha! O agronegócio é um dos setores mais influentes da nossa economia. A estimativa é que cerca de 21% do PIB brasileiro venha de empresas desse setor, e ainda há expectativas de crescimento nos próximos anos.
Inclusive, esse crescimento é financiado, em parte, pela emissão de LCAs. Sempre que uma empresa precisa de crédito para otimizar a sua produção, seja ligada a pecuária, agricultura ou insumos, ela pode pedir um empréstimo a um banco, que então vai emitir letras de crédito para ajudar a dinamizar esse processo.
Na prática, para o investidor, a diferença entre LCI e LCA não é tão significativa assim, a não ser que você faça questão de apoiar o agronegócio ou o setor imobiliário do Brasil. Porém, para a economia no geral, as divergências entre as duas modalidades são mais notáveis.
Por que escolher uma LCI ou LCA?
Se você for um investidor iniciante, pode ser uma ótima ideia começar a sua carteira adquirindo algumas Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio. Existem algumas razões simples para isso.
Por exemplo, essas duas aplicações têm um bom rendimento em qualquer das suas modalidades. Seja no pós-fixado lastreado ao IPCA (que mantém o valor da letra em relação à inflação) ou ao CDI (que acompanha a variação da Taxa Selic) ou mesmo no prefixado, as LCIs e LCAs se destacam entre as opções de Renda Fixa de maior rentabilidade.
Um dos segredos para esse maior rendimento é a isenção do Imposto de Renda sobre esse investimento. Quer ver como isso influencia na prática? Confira o exemplo a seguir.
Imagine que você tenha R$ 10 mil e duas opções de aplicações: uma LCI pós-fixada com rendimento de 90% do CDI e um título do Tesouro Direto que rende 100% da Selic (que é equivalente ao CDI). Olhando de maneira superficial, seria mais interessante investir no Tesouro Direto, já que o rendimento é maior, certo? Na verdade, não!
Como o Tesouro Direto tem incidência do Imposto de Renda e taxa de administração da sua corretora, o seu rendimento acaba menor do que o da LCI nesses termos. Quer ver? Se você aplicasse R$ 10 mil nessa LCI com prazo de vencimento em 3 anos, teria R$ 11.895,57 líquidos (considerando que o CDI não sofresse alterações no período).
Já esses R$ 10 mil aplicados no Tesouro Direto pelos mesmos 3 anos renderiam R$ 11.808,12 líquidos (novamente supondo que a Selic se mantivesse estável pelo período).
Na prática, a isenção de Imposto de Renda nas LCIs e LCAs aumenta bastante o rendimento dessas aplicações.
Além disso, as Letras de Crédito são protegidas pelo Fundo Garantidor de Créditos. Isso significa que investimentos de até R$ 250 mil nessas modalidades estão protegidos mesmo que o banco emissor das letras entre em falência no momento da aplicação. Para quem é iniciante, isso são ótimas notícias.
Se você gostou de conhecer as Letras de Câmbio, mas ficou preocupado com as suas desvantagens, que tal considerar as LCIs e as LCAs? Além do bom rendimento, as LCIs e LCAs ainda são isentas de Imposto de Renda e têm a proteção do FGC, aumentando a segurança e praticidade do seu investimento.
Por isso, elas podem ser mais lucrativas e são ideais para quem está começando a investir. Se esse é o seu caso, entre em contato conosco para conhecer as nossas opções!
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